Economia

Exportações e importações brasileiras podem cair 20% em 2020, diz Ipea

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Com preço de commodities em queda, balança comercial sofre pressão em relação a 2019. Terminal Exportador do Guarujá, no Porto de Santos (SP): queda do mercado de commodities é uma das pressões na balança comercial brasileira
Divulgação/TEG 1
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (28) uma estimativa dos efeitos que a crise do novo coronavírus pode causar na balança comercial brasileira neste ano de 2020. São três cenários, tomando por base relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
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No modelo mais ponderado, o Brasil pode perder até 20,6% de seu volume de exportações, saindo de US$ 225,4 bilhões para a casa dos US$ 178,9 bilhões, em virtude a queda de preços e dos fluxos de negociação de commodities – um dos motores da economia nacional.
“Os mercados financeiros e de commodities foram duramente atingidos, alterando profundamente os fundamentos da economia mundial”, diz a nota técnica do Ipea. “Como resultado, já se observa uma queda abrupta da produção, do emprego e da renda em quase todos os países. Isso tudo aponta para uma redução sem precedentes no comércio mundial.”
A balança comercial segue superavitária, mas com perda de US$ 10,1 bilhões. Isso porque a queda nas importações, de acordo com a previsão, também será da ordem de 20,5%, somando US$ 140,9 bilhões. Em 2019, foram US$ 177,3 bilhões.
Em 2021, a estimativa do Ipea é de aumento das exportações à taxa de 9,5%, chegando a US$ 195,9 bilhões. As importações subiriam 10,1%. A balança comercial, portanto, somaria US$ 40,6 bilhões, uma nova queda no saldo.
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Cenários
Os números da mediana usam projeções do PIB divulgadas na semana passada pelo relatório World Economic Outlook, do FMI. O Ipea ainda calcula outros dois cenários, um otimista e outro pessimista, com dados da OMC.
Pela medida mais otimista, as exportações brasileiras sofreriam queda de 17,7% em 2020. Em valores, somariam US$ 185,4 bilhões versus US$ 146,4 bilhões de importações (queda de 17,4%). A balança comercial continuaria, portanto, positiva em US$ 39 bilhões.
O crescimento de exportações em 2021 também seria maior (16,5%), chegando a US$ 216,1 bilhões. O mesmo vale para importações, que subiriam 16,8% no ano que vem.
A projeção pessimista com base na OMC dá conta de queda de 29,8% nas exportações e 29,3% nas importações. O saldo comercial seria de US$ 33,3 bilhões, pois as vendas somariam US$ 158,3 bilhões e as compras, US$ 125 bilhões.
O relatório Cenários para o Comércio Exterior Brasileiro (2020-2021) ainda traz projeções na metodologia de market share constante, com resultados ainda mais agressivos de queda pessimista e mais brandas na cena otimista.
“Uma avaliação sintética dos resultados permite concluir que as exportações em 2020 recuarão para algum valor intermediário ao desses dois cenários. Isso implicaria algo entre US$ 180 bilhões (-20%) e US$ 200 bilhões (-11%)”, diz a nota técnica do Ipea.
“Naturalmente, não se pode descartar que o valor fique mais próximo das projeções feitas por ambos os métodos com base no cenário pessimista da OMC, algo entre US$ 154 bilhões e US$ 158 bilhões (cerca de -30%)”, segue o texto. “Mas isso teria como base ou uma deterioração das condições da economia mundial muito além do que parece provável hoje.”