Meio Ambiente

Mais de 68 mil atendimentos itinerantes foram feitos nos últimos anos em locais isolados da Amazônia

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Projeto atende comunidades de difícil acesso ou isoladas do Acre. Iniciativa foi tema de TCC apresentado na Colômbia. Saúde faz mais de 68 mil atendimentos itinerantes nos últimos 3 anos em locais isolados da Amazônia
Arquivo/Agência do Acre
Chegar às comunidades de difícil acesso é o objetivo do Programa de Saúde Itinerante (PSI), que atua no Acre desde 2017. A pedido do G1, um levantamento mostra que nos últimos três anos foram 68.261 atendimentos para a população ribeirinha, rural e indígena.
Entre os atendimentos estão consultas médicas, terapia individual ou em grupo, exames laboratoriais e com finalidade diagnóstica, além de atendimentos odontológicos.
Foram, ao todo, nesses três anos, atendidas 16 cidades em 2017, 11 em 2018 e 18 no ano passado.
As consultas médicas são as mais procuradas dentro do programa. E foi a atuação do programa que fez o bacharel em medicina Vinícius Sedicias fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) abordando os “Resultados de um programa de atendimento em saúde em áreas remotas da Amazônia Ocidental Brasileira”.
Número de atendimentos feitos por ano
A pesquisa foi apresentada no congresso da Sociedade Internacional de Pesquisa para Farmacoeconomia, ocorrido de 12 a 14 de setembro em Bogotá, na Colômbia, no ano passado.
“Como no curso a gente trabalha com a população carente desde o início da faculdade e, com isso, às vezes me deparava com pessoas que vinham do interior que estavam recebendo o primeiro contato com a saúde pública e tinham muitos pacientes com doenças de base, porque não tinham acesso à saúde pública”, explica o estudante.
Em seu estudo, o estudante, que hoje já é formado, defendeu a manutenção do programa, alegando que é uma forma de mapear as principais necessidades de saúde em comunidades afastadas, além de desafogar as unidades de saúde, já que o paciente pode ser atendido dentro da própria comunidade.
“Criado para atender a população ribeirinha, rural e indígena, o PSI vem com uma proposta de ofertar não só cuidado inicial à saúde para esta população, mas também criar este vínculo entre a população que, muitas vezes, nunca teve contato com a saúde pública colaborando, neste sentido, para que este cidadão, se algum dia precisar de um cuidado mais intenso, não estranhe ou não desista do seu tratamento”, defende.
Ideia é levar atendimento médico a comunidades isoladas do estado
Arquivo/Agência do Acre
Valores
O G1 tentou conseguir com o Ministério da Saúde o valor total do que foi destinado ao programa nos últimos anos, porém, foi informado que não há como ter essa quantia especificada, porque o valor é somado com outros recursos que são destinados à Saúde de cada Estado.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesacre) informou que também não tem o detalhamento da questão orçamentária do programa.
Essa foi a mesma dificuldade encontrada por Sedicias durante a análise dos dados, que defende a iniciativa.
“Conseguimos utilizar o SIGTAP [ Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS] para estimar o custo do atendimento do programa e, com isso, verificar que o custo de atendimento total do programa itinerante foi de R$ 1.248.179,80 per capita em dois anos foi de R$: 79,71 sendo verificado que o custo per capita do atendimento pelo programa está bem abaixo do repasse do valor reservado para despesas com ações e serviços públicos de saúde que cada um destes 15 municípios recebe para aplicar em saúde básica”, pontua na pesquisa.
Para 2020, à Saúde diz que pretende atender os 22 municípios do estado, sempre priorizando os de difícil acesso e também quer incluir os pacientes com solicitação de Tratamento Fora Domicílio (TFD).
Entre os serviços, estão os atendimentos de odontologia nas comunidades
Arquivo/Agência do Acre