Economia

Governo alemão aprova projeto de lei que pode banir o uso do glifosato até 2024

Governo alemão aprova projeto de lei que pode banir o uso do glifosato até 2024 thumbnail

Proposta ainda precisa passar por mais duas casas e tramitação pode levar vários meses. Herbicida é agrotóxico mais vendido no Brasil e no mundo e pode estar relacionado ao desenvolvimento de câncer. Imagem do agrotóxico glifosato
AFP
Um projeto de lei aprovado no último dia 11 na Alemanha propõe uma redução gradual o uso de glifosato até 2024, ano em que o uso do agrotóxico deverá ser banido no país europeu, noticiou a agência Reuters.
O glifosato é o agrotóxico mais vendido no Brasil e mundo e pode estar relacionado ao desenvolvimento do linfoma não-Hodgkin.
“A saída do glifosato está chegando. Os conservacionistas vêm trabalhando nisso há muito tempo. O glifosato mata tudo o que é verde e tira a base dos insetos para a vida ”, disse a ministra do meio ambiente, Svenja Schulze, em um comunicado.
No final do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter, com restrições, o uso do agroquímico no Brasil.
Os agricultores alemães criticaram o projeto dizendo que ela coloca em risco a subsistência das fazendas familiares e que as proibições seriam menos eficazes na promoção da biodiversidade do que a cooperação entre agricultores e conservacionistas.
O projeto de lei precisa passar ainda pelo Parlamento da República Federal da Alemanha e no Conselho Federal do país, que representa 16 governos regionais alemães. Por isso, a tramitação pode levar meses.
Glifosato no mundo
Na União Europeia, a Áustria decidiu banir o uso do glifosato. Já o Ministério da Agricultura da França afirmou, em dezembro do ano passado, que irá conceder auxílio financeiro a agricultores que concordarem em interromper a aplicação do químico nas lavouras.
No México, o governo anunciou, no final de 2020, que o uso do agrotóxico será eliminado até 2024 e que ele será substituído por uma alternativa “sustentável e culturalmente apropriada”. Durante o período de transição, o glifosato não será usado em nenhum programa do governo mexicano.
Os Estados Unidos usam o agrotóxico, mas, por lá, ele é alvo de uma série de processos contra a empresa alemã Bayer, que chegou a fechar um acordo bilionário para encerrar as ações na Justiça em junho de 2020.
O que é o glifosato e para que serve?
Trata-se de um princípio ativo, isto é, uma molécula desenvolvida na fabricação de produtos químicos. Inicialmente, o glifosato surgiu na indústria farmacêutica e também chegou a ser usado para limpar metais. Porém, se popularizou nos herbicidas da Monsanto, que hoje pertence à Bayer.
Ele serve para matar as plantas silvestres que estão na área antes do plantio de uma safra.
A predominância desse pesticida, segundo agrônomos, se deve à sua eficácia, maior que qualquer outro produto de sua categoria (herbicida). O glifosato pode controlar mais de 150 espécies de plantas daninhas, em diversas culturas.
Não é comum ele ser usado durante o ciclo de produção porque pode afetar o cultivo principal. Mas uma exceção é na soja, maior cultura agrícola do Brasil. Isso porque as plantas transgênicas possuem resistência, então é possível utilizar o agrotóxico durante todo o ciclo.
Por outro lado, as ervas daninhas também aumentaram a resistência ao pesticida, o faz com que o glifosato esteja sendo misturado a outros, para funcionar melhor.
O Brasil autoriza seu uso no plantio de algodão, ameixa, arroz, banana, cacau, café, cana-de-açúcar, citros, coco, feijão, fumo, maçã, mamão, milho, nectarina, pastagem, pera, pêssego, seringueira, soja, trigo e uva.
Como reduzir a chance de ingerir agrotóxicos nos alimentos
VÍDEOS: tudo sobre agronegócios