Gustavo Montezano afirmou que a linha não vai ter subsídio e que deve ser usada na operação das companhias. De acordo com ele, a taxa de juros será competitiva. O presidente do BNDES, Gustavo Montezano
Divulgação/Ministério da Economia
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou neste domingo (29) que espera disponibilizar ainda em abril uma linha de financiamento para ajudar as companhias aéreas. Segundo Montezano, o financiamento será exclusivo para a operação brasileira das companhias e não vai ter subsídios.
A situação das aéreas, que vêm sofrendo com a queda na demanda por voos internacionais e nacionais diante da crise de coronavírus, preocupa o governo. As empresas têm registrado quedas de mais de 70% no mercado doméstico e de mais de 90% no mercado internacional.
“Estamos em discussão intensa e o nosso objetivo é disponibilizar a linha em abril, que em abril esteja no caixa das empresas”, disse Montezano durante entrevista coletiva transmitida pela internet.
Segundo ele, a taxa do financiamento deve ser “baixa”, mas sem subsídio. “O objetivo é dar taxa competitiva, taxa baixa, que não pressione o fluxo de caixa dessas empresas, mas sem a presença de subsídios. A ideia é que o Tesouro, o BNDES, o setor público tenha alguma remuneração da operação que pague suas contas. Não faremos operação subsidiada”, afirmou .
Montezano destacou que todas as companhias poderão ter acesso à linha de financiamento. Ele disse ainda que os recursos não poderão ser usados para pagar outros financiamentos e, sim, para a operação das empresas.
“Os outros credores terão, sim, como o BNDES, que fazer um esforço de alongamento, de refinanciamento para que as empresas possam passar por esse período temporário de redução da demanda”, declarou.
De acordo com Montezano, o financiamento será feito por uma debenture reversível. Nesse sistema, o dinheiro é disponibilizado para as companhias a uma taxa de juro baixa. Se, no futuro, as ações da empresa aérea tiverem uma valorização acima de determinado ponto, o BNDES receberia uma remuneração extra.
No dia 18 de março, o governo anunciou algumas medidas para ajudar as empresas, entre elas uma ampliação no prazo para devolução do valor pago pelas passagens aéreas canceladas.
Financiamento para saúde
Durante a entrevista, o presidente do BNDES comentou as medidas já anunciadas pelo banco e citou a linha de crédito, anunciada na sexta (27), de R$ 2 bilhões para financiar empresas que produzam, comprem ou transportem equipamentos usados para o combate à crise do coronavírus devem beneficiar cerca de 30 empresas.
Segundo o presidente do BNDES, essas 30 empresas mapeadas podem ter potencial para produzir 15 mil ventiladores, 5 mil monitores, 3 mil leitos de UTI e 80 milhões de máscaras cirúrgicas.
Estimativa do banco aponta que a produção extra desses equipamentos representará:
15 mil ventiladores – 50% da necessidade do SUS para 90 dias;
5 mil monitores – 20% da necessidade do SUS para os próximos 120 dias;
80 milhões de máscaras cirúrgicas – 1/3 da necessidade do SUS para os próximos 120 dias;
3 mil leitos de UTI – aumento de 10% na capacidade atual.
Outra medida adotada pelo banco foi a permissão para a suspensão do pagamento de empréstimos dados pelo BNDES por seis meses. Ele informou que, em apenas dois dias, 259 empresas pediram a suspensão.
Segundo o presidente da instituição, a partir do dia 1º de abril, quem tem financiamentos indiretos com o BNDES também poderá solicitar a interrupção do pagamento de juros e do principal do empréstimo por seis meses. Para isso, as empresas terão que procurar o banco que fez o repasse do financiamento.
A previsão do BNDES é que sejam refinanciados R$ 19 bilhões de crédito direto com o BNDES e R$ 11 bilhões em crédito indireto disponibilizado por algum repassador bancário.
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