Empreendedorismo

Depois da balada, um pastel com caldo de cana na Viçosa

 

Na época, os ônibus interestaduais ainda saiam da Rodoviária do Plano Piloto. E foi depois que Sebastião Gomes e sua esposa, que iam passar a lua de mel em Belo Horizonte, perderam o ônibus para a cidade, que a história da pastelaria mais tradicional de Brasília começou.

Com fome, o casal decidiu procurar algo para comer enquanto esperavam a próxima condução para a cidade mineira. Encontraram Eugênio Apolônio, que trabalhavam como vendedor ambulante na rodoviária, e foi o responsável por apresentar o pastel para Tião Padeiro, como também é conhecido um dos criadores da pastelaria Viçosa.

Foi paixão à primeira vista. Ao voltar de lua de mel, Tião decidiu procurar Eugênio para formar uma sociedade e investir no produto.

Era década de 60. Brasília acabava de ser inaugurada e a história da pastelaria começava a ser escrita junto com a da nova capital federal.  De lá pra cá muitas coisas mudaram. Porém, o balcão da Viçosa ainda continua sendo um dos mais democráticos da cidade.

O hábito de comer pastel com caldo de cana ainda segue firme entre crianças, jovens e adultos. Referência na cidade há mais de seis décadas, o público da Viçosa é diversificado. Políticos, artistas, empresários, trabalhadores, operários que ajudaram a construir Brasília, a juventude. Desde a sua inauguração, a pastelaria costuma receber, com pastéis fritos na hora e um caldo de cana sempre gelado, diferentes tipos de pessoas.

Ao longo dos anos, a Viçosa ganhou lugar especial na vida daqueles que, voltando de festas, já bateram ponto em um dos balcões para matar a fome ou se curar de uma ressaca.

Porém, esse hábito não vem de hoje. É o que explica Patrícia Calmon, filha de Tião Padeiro e atual proprietária da pastelaria. Décadas atrás, toda a comodidade de redes de fast-food e deliverys não existia. A Viçosa, uma das únicas lanchonetes que funcionavam de madrugada, era a opção para quem saia das festas com fome.

“A história de sair da balada e ir para a rodoviária comer acontecia muito. Na época não tinha loja de conveniência, não tinha essa facilidade de achar locais para comer tarde da noite, então as pessoas realmente iam para a Viçosa e ficou a nostalgia”.

E a moda pegou. Hoje, mais de seis décadas depois, a pastelaria ainda é ponto certo para aqueles que estão voltando da agitação da noite de Brasília.

 

Assista a entrevista na íntegra no nosso canal oficial no Youtube: Voz de Brasília TV.