Economia

Coronavírus impactou preço do petróleo, mas ainda não chegou nas exportações, diz presidente da Petrobras

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Em evento na B3, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que surto preocupa e que empresa segue monitorando. Para ele, oferta de ações da estatal detidas pelo BNDES foi “voto de confiança” dos investidores. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse nesta sexta-feira (7) que o surto do coronavírus impactou os preços do petróleo, mas ainda não chegou a prejudicar as exportações da commodity.
“Até agora, o efeito do coronavírus tem se manifestado, como era de se esperar, nos preços do petróleo”, disse Castello Branco. “Não afetou nossas exportações e vendas”.
Cerimônia de posse de Roberto Castello Branco como presidente da Petrobras, no Edifício Sede da companhia, no Rio de Janeiro
Leo Correa/AP
Porém, o presidente da estatal reforçou que o coronavírus preocupa e que a Petrobras está monitorando a situação.
“O coronavírus representa um choque de demanda que acaba se transformando em um choque de oferta. Nós temos fábricas fechadas em 20 províncias na China. A China representa 25% do PIB industrial do mundo. E certamente terá efeitos sobre a economia global”, afirmou.
Castello Branco esteve na bolsa de valores brasileira, a B3, em São Paulo para um evento que marcou a oferta pública de ações da Petrobras, detidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com a operação, o banco conseguiu levantar R$ 22 bilhões. Ao todo, a oferta envolve 734.202.699 ações, precificadas a R$ 30 cada.
“Essa operação foi um voto de confiança dos investidores. A transação foi concluída em um momento delicado, porque houve choque sobre a economia global com o coronavírus, com muita volatilidade nos mercados”, disse o presidente da Petrobras.
O secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, também esteve na B3 e afirmou que o dinheiro da venda de ações do BNDES poderá ser usado para reduzir dívida ou ser alocado em áreas sociais. Ele afirmou que o governo está transformando as participações do BNDES em empresas em caixa.
Mattar voltou a afirmar que, até 2021, o governo deve colocar à venda 17 estatais, entre elas a Casa da Moeda e os Correios.
Declaração do Bolsonaro sobre combustíveis
Castello foi questionado sobre a crítica do presidente Jair Bolsonaro aos preços dos combustíveis, na quinta-feira (6). Em entrevista, o presidente afirmou que ele faz “papel de otário”, já que a Petrobras reduziu o preço médio da gasolina e do diesel nas refinarias, mas, segundo ele, a diferença não é repassada para o consumidor. Para o presidente, caso não haja mudança, o preço do combustível não deveria ser reduzido na refinaria.
“Eu não vou comentar a declaração do presidente Bolsonaro. Eu não costumo comentar declarações do presidente da República ou de outras autoridades. Esse não é o meu trabalho. Meu trabalho é administrar a Petrobras e gerar valor. Eu não sou comentarista”, afirmou Castello Branco.
Greve dos petroleiros
O presidente da estatal falou também sobre a greve dos petroleiros que atinge 13 estados do país, desde sábado (1). Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), os grevistas protestam contra a suspensão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) e pelo cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Segundo Castello Branco, o efeito da greve sobre a produção da Petrobras é “zero até agora” e nenhum barril deixou de ser produzido. “A greve é de motivação política”. Segundo ele, a Fafen foi adquirida em 2013 e registrava prejuízo todos os anos. “Nesse período, [a Fafen] deu R$ 1,5 bilhão de prejuízo. Tentamos vender, mas ninguém quis, então não havia outro caminho senão fechar a fábrica”, afirmou.
“Sobre o Acordo Coletivo de Trabalho, ele foi exaustivamente negociado de maio até novembro de 2019, foi fechado e assinado pelos sindicatos. A Petrobras tem cumprido rigorosamente com os seus compromissos”, disse.
Mais tarde, porém, perto das 20 horas, a Petrobras divulgou uma nota oficial informando que a Justiça autorizou a contratação imediata de pessoas para garantir a continuidade operacional em suas unidades durante a greve.
“A ordem judicial do TST [Supremo Tribunal do Trabalho] de garantir contingente mínimo de 90% do efetivo não vem sendo cumprida pelos sindicatos e, em decorrência disso, o tribunal autorizou a contratação emergencial pela Petrobras para suprir temporariamente os serviços essenciais e evitar impactos à operação e à produção”, informou, em nota.
Segundo a estatal, as unidades estão operando “nas condições adequadas” e não há impactos na produção até o momento.