Meio Ambiente

'Ninguém sabe a que se deve a mudança climática mundial', afirma Putin

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Em sua entrevista coletiva anual, o presidente da Rússia disse que, apesar de ser ‘muito difícil’ avaliar a influência humana no aumento da temperatura do planeta, ‘não fazer nada tampouco é uma solução’. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante sua entrevista coletiva anual à imprensa, nesta quinta-feira (19)
Evgenia Nobozhenina/Reuters
Durante sua coletiva de imprensa anual, em que aborda diversos assuntos, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (19) que “ninguém sabe” com certeza o que provoca a mudança climática. A declaração coloca em questão a responsabilidade humana no aquecimento do planeta.
“Sabemos que nosso planeta conheceu períodos de aquecimento e de resfriamento e isso pode estar relacionado a um processo no universo”, declarou Putin. “Uma pequena mudança no ângulo de rotação da Terra ao redor do Sol pode levar o planeta a sofrer sérias mudanças do clima”, completou.
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Por isso, para o presidente russo, “avaliar a influência que a humanidade contemporânea pode ter sobre o clima é muito difícil, até impossível”. No entanto, Putin ratificou o compromisso da Rússia para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, assim como para respeitar o Acordo de Paris sobre o Clima.
“Não fazer nada tampouco é uma solução e neste ponto estou de acordo com meus colegas [chefes de Estado]. Temos que fazer um esforço máximo para que o clima não mude de maneira dramática”, disse, reconhecendo que a própria Rússia está exposta ao fenômeno. “É um processo muito sério para nós. Há cidades inteiras construídas sobre o permafrost, imaginem as consequências no caso de um grande degelo”, afirmou.
Defesa de Trump e dos atletas russos
O chefe de Estado russo também abordou outros assuntos durante a sua coletiva de imprensa anual, como o processo de impeachment que enfrenta o presidente americano, Donald Trump. Para ele, o republicano é visado por acusações “completamente inventadas”.
Putin lembrou que o processo ainda tem que passar pelo Senado, onde os republicanos são maioria e devem barrar o impeachment. “O partido que perdeu as eleições, o Partido Democrata, tenta alcançar seus objetivos usando outros meios e outras ferramentas e acusando Trump de complô com a Rússia. E quando fica claro que não foi o que aconteceu, inventam essa história da pressão sobre a Ucrânia”, completou.
Outra questão comentada por Putin foi a participação dos atletas do país em competições esportivas sob as cores da bandeira russa. Atualmente os esportistas russos são obrigados a competir sob uma bandeira neutra, devido a um recente escândalo de doping.
O presidente russo lembrou que “nenhuma declaração oficial foi feita pela Agência Mundial Antidoping contra o nosso Comitê Olímpico”. Então, segundo ele, “qualquer punição deve ser individual”. Putin também prometeu “fazer de tudo para manter o esporte russo limpo”.
Lênin e fim do mandato
Para o presidente russo, o corpo de Vladimir Ilyich Lênin deve continuar no mausoléu na Praça Vermelha de Moscou, onde foi colocado após sua morte, em 1924. “Acredito que não é necessário tocar nele. Pelo menos enquanto a vida e o destino de muitas pessoas estiverem relacionados a ele e relacionados aos sucessos do passado, com os anos soviéticos”, afirmou.
A questão do mausoléu de Lênin, aberto após sua morte, é muito controversa na Rússia, onde o Partido Comunista é a primeira força de oposição no Parlamento. Segundo uma pesquisa recente, mais de 60% dos russos pensam que o corpo do primeiro líder soviético deveria ser removido do local e enterrado.
Por último, Putin respondeu a perguntas sobre uma reforma da Constituição, em particular sobre a possível proibição que um presidente exerça mais do que “dois mandatos consecutivos”. “O que poderia ser feito é suprimir o termo ‘consecutivo’ do texto quando se refere à função presidencial”, afirmou. Essa foi a primeira vez que se manifestou favoravelmente sobre a questão.
No entanto, se esse termo fosse removido da Constituição, excluiria qualquer possibilidade de um retorno de Putin após 2024, quando seu segundo mandato consecutivo atual expira. Desta forma, ele não poderia deixar a presidência por um tempo e depois voltar a exercê-la, como fez em 2012, após quatro anos como primeiro-ministro, entre 2008 e 2012.
Neste momento, “este fiel servidor cumpre seus dois mandatos, deixa a função e depois terá o direito de retornar ao cargo de presidente porque já não se trata mais de dois mandatos consecutivos”, afirmou o líder russo. No entanto, reconheceu que esse tipo de alternância “incomoda certos cientistas políticos e atores da sociedade e pode ser eliminada”, concluiu.
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