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Marco Civil da Internet completa 11 anos: pilar da cidadania digital e da segurança na rede

Por Voz de Brasília

Nesta quarta-feira (23), o Marco Civil da Internet (MCI) completa 11 anos de vigência. Sancionada em 2014 pela Lei nº 12.965, a legislação tornou-se um marco na proteção de direitos e deveres no ambiente digital brasileiro, sendo reconhecida internacionalmente como uma das iniciativas mais avançadas para a regulamentação da internet. Considerada a “Constituição da Internet” no Brasil, a norma estabelece princípios fundamentais como neutralidade da rede, liberdade de expressão e proteção da privacidade e dos dados pessoais.

A criação do MCI foi fruto de um amplo debate público iniciado em 2009, promovido pelo Ministério da Justiça em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O processo colaborativo garantiu uma legislação alinhada aos interesses da sociedade civil, refletindo o compromisso com a construção de um ambiente digital livre, democrático e seguro.

Princípios que moldaram a internet no Brasil
Entre os pilares do Marco Civil, destacam-se:

Neutralidade da Rede – Garante que todos os dados trafeguem sem discriminação ou privilégio.

Liberdade de Expressão – Resguarda o direito dos usuários de se manifestarem livremente online.

Privacidade e Proteção de Dados Pessoais – Estabelece diretrizes para o uso responsável de informações pessoais.

Inimputabilidade da Rede – Define que provedores de conexão não são responsáveis por conteúdos publicados por terceiros.

O texto também define a atuação dos provedores de aplicações, que só podem ser responsabilizados judicialmente quando, notificados por decisão judicial, deixam de remover conteúdos ilícitos.

Desafios atuais e debates em curso
Apesar dos avanços, o Marco Civil enfrenta novos desafios. Um dos principais pontos em discussão é o artigo 19, que trata da responsabilização das plataformas digitais. O Supremo Tribunal Federal (STF) discute atualmente a possibilidade de alterar o modelo vigente, o que pode gerar impactos diretos sobre a liberdade de expressão e o combate à desinformação.

Críticos argumentam que o modelo atual dificulta ações contra fake news e discursos de ódio. Por outro lado, há o temor de que mudanças precipitadas possam resultar em censura privada ou remoções excessivas de conteúdo legítimo.

Tecnologia e segurança digital
O Serpro, empresa pública de tecnologia da informação do Governo Federal, tem papel estratégico na consolidação dos princípios do Marco Civil. Suas soluções estão baseadas na privacidade, segurança e neutralidade da rede. Além de assegurar conformidade com a legislação, o Serpro contribui para a transformação digital do país, fortalecendo a confiança dos usuários e protegendo os dados públicos.

Segundo o Departamento de Governança para o Combate à Fraude Cibernética da empresa, os dispositivos previstos na legislação, especialmente aqueles voltados à guarda de registros e à proteção de dados, são fundamentais para o rastreamento e responsabilização de crimes virtuais, dificultando a ação de golpistas e assegurando o respeito à privacidade dos cidadãos.

Legado e futuro
Ao completar mais de uma década, o Marco Civil da Internet permanece essencial para a construção de uma internet mais justa, transparente e acessível. Em tempos de transformação tecnológica acelerada e de intensificação dos debates sobre regulação das plataformas digitais, sua importância se renova.

O MCI não apenas garantiu direitos fundamentais no ambiente virtual, como também posicionou o Brasil como referência em governança digital. As decisões tomadas hoje, especialmente em relação à responsabilização de provedores, terão reflexos profundos na proteção da democracia e no fortalecimento da cidadania digital nos próximos anos.

fonte:agência gov
foto:foto da web

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