O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado nesta sexta-feira (6/6) com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8, localizada na periferia da capital francesa. Fundada após os protestos de Maio de 1968, a instituição é reconhecida por seu compromisso com a democratização do ensino superior e com o acolhimento de públicos marginalizados — como trabalhadores, imigrantes e minorias sociais.
Durante a cerimônia, Lula destacou o papel da educação como instrumento de emancipação e justiça social, alinhando sua trajetória pessoal à história da universidade. “A homenagem de hoje não é apenas um reconhecimento pessoal. É um reencontro com valores que moldaram minha vida: a justiça social, a educação como ferramenta de emancipação e o compromisso com os que sempre tiveram de lutar por voz e por espaço”, afirmou.
Cerimônia com identidade brasileira
O evento foi marcado por forte simbolismo. Um coral da universidade apresentou músicas da cultura brasileira — misturando raízes populares e eruditas. Estiveram presentes as professoras Armelle Enders, Delphine Leroy, Annick Allaigre e o presidente da instituição, Arnaud Laimé, além de alunos e representantes da comunidade acadêmica.
Laimé enalteceu o presidente como símbolo de uma profunda transformação social no Brasil e destacou políticas como a expansão das universidades, a criação de institutos federais, programas de bolsas e o protagonismo internacional do país no combate à fome e à pobreza.
Lula recebeu também um quadro com folhas de jequitibá — árvore nativa brasileira — como símbolo de longevidade, resistência e conexão com a natureza. “A natureza frequentemente é metáfora para descrever quem somos. Essa imagem nos leva a pensar sobre o meio ambiente, tema central do seu trabalho político”, declarou o reitor.
Educação inclusiva como legado
Lula aproveitou o discurso para destacar as ações implementadas ao longo de seus mandatos, especialmente voltadas à ampliação do acesso ao ensino superior. Citou programas como o ProUni, Fies, o programa de cotas, a criação da Universidade Latino-Americana (Unila), no Paraná, e a primeira universidade afro-brasileira, no Ceará. Relembrou ainda a aprovação da lei de ações afirmativas durante o governo Dilma Rousseff.
“Foi preciso que um metalúrgico sem diploma universitário chegasse ao poder para mudar essa realidade. Consolidamos um modelo de ensino aberto e inclusivo, com a cara da diversidade brasileira”, afirmou.
Lula também destacou o programa Pé-de-Meia, voltado à permanência de jovens no ensino médio, a descentralização da construção de institutos federais e a intenção de criar uma universidade voltada para os povos indígenas e outra dedicada ao esporte. Mencionou ainda a importância do Bolsa Atleta, programa que garantiu apoio a quase todos os medalhistas brasileiros nas Olimpíadas de Paris em 2024.
Cooperação internacional e valorização da ciência
Para o presidente, o fortalecimento da cooperação acadêmica entre Brasil e França é um pilar da educação emancipadora. Destacou parcerias com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e os programas de intercâmbio com indígenas brasileiros, citados também pela professora Delphine Leroy, que celebrou a política de cotas como uma transformação real nas universidades.
“Todos os anos, milhares de estudantes, pesquisadores, artistas e empreendedores circulam entre nossos países. Constroem pontes, semeiam inovação e reforçam o espírito de inclusão e colaboração mútua”, reforçou Lula.
Agenda intensa e retomada diplomática
A cerimônia na Paris 8 foi apenas um dos compromissos do presidente nesta sexta. Ainda hoje, Lula visitou a exposição “Nosso Barco Tambor Terra”, do artista brasileiro Ernesto Neto, e participou da certificação internacional que reconhece o Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação. À tarde, ele encerra o Fórum Empresarial Brasil-França e realiza encontros bilaterais.
A visita de Estado teve início na quinta-feira (5/6) com recepção na Esplanada dos Inválidos, reunião com o presidente Emmanuel Macron e jantar de gala. Um dos momentos mais simbólicos foi a iluminação da Torre Eiffel com as cores do Brasil, em homenagem à presença da delegação brasileira na França.
Essa é a primeira visita oficial de um chefe de Estado brasileiro à França em 13 anos e marca a consolidação da retomada das relações bilaterais iniciada em 2023. É a terceira visita de Estado de Lula ao país — as anteriores ocorreram em 2005 e 2009.
Voz de Brasília
Fonte: agência gov
Foto: foto da web
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