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Meio Ambiente

Governo australiano pede que moradores deixem áreas de risco antes de nova onda de calor

Altas temperaturas, acima dos 40°C, podem aumentar os focos de fogo que atinge o sul e leste do país; número de mortos aumentou com a morte de mais um brigadista. 4 de janeiro – Um morador observa a fumaça aparecer trazida junto com cinzas por ventos fortes em direção a Nowra, na Austrália
Tracey Nearmy/Reuters
As autoridades da Austrália voltaram a pedir nesta quarta-feira (8) que moradores abandonem as áreas de risco antes da chegada de uma nova onda de calor. As altas temperaturas podem piorar os incêndios florestais que destruíram parte do sul e leste do país.
O governo de Victoria, um dos estados mais populosos, pediu que cidades do leste deixassem suas casas antes do aumento das temperaturas, que devem ultrapassar os 40°C. Já no sul, a ilha de Kangaroo foi evacuada após ter perdido quase metade do seu território para o fogo.
Também nesta quarta-feira, as autoridades do país confirmaram mais uma morte. Um quarto bombeiro teria morrido durante uma ação, com esta passam a 26 os mortos desde o início da crise, em setembro.
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FOTOS mostram consequências dos incêndios
26 pessoas e 1 bilhão de animais mortos: os números do incêndio na Austrália
“Saiam! Saiam agora!”, disse Lisa Neville, chefe da Polícia local, para a agência France Presse. “Todos os avisos que lançamos têm apenas um propósito, salvar vidas.”
A Austrália tradicionalmente enfrenta incêndios florestais durante a primavera, mas neste ano eles têm sido mais violentos. Especialistas apontam que isso se deve, entre outros motivos, por condições mais favoráveis às chamas provocadas pelo aquecimento global.
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Um bilhão de animais mortos
Mais de 2.000 casas foram reduzidas a cinzas e cerca de 80.000 km² foram queimados em todo país, uma área equivalente à Irlanda.
Pesquisadores da Universidade de Sydney estimaram que 1 bilhão de animais morreram em incêndios em todo território. Este número inclui mamíferos, aves e répteis, mas não insetos ou invertebrados.
Resgatistas socorre um coala de uma floresta queimada perto de Cape Borda em Kangaroo Island, sudoeste de Adelaide, na Austrália
David Mariuz/AAP Image via Reuters
Na semana passada, a mesma universidade estimou que 480 milhões de animais haviam morrido somente em setembro no estado de New South Wales.
Fumaça emitida pelos incêndios chegou até a Argentina e o Brasil, a mais de 12.000 km do outro lado do Pacífico, segundo as agências meteorológicas desses países.
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Apesar do clima mais frio e da chuva em algumas partes do leste australiano, dezenas de incêndios continuam fora de controle, enquanto uma nova onda de calor é esperada.
O ano de 2019 foi o mais quente e seco desde o início das medições. O dia 18 de dezembro foi o dia mais quente da história, com uma média nacional de temperaturas máximas de 41,9°C.
Sem precedentes em sua magnitude, mesmo em uma ilha continental acostumada a incêndios, essa crise marca consideravelmente a opinião internacional.
Áreas mais atingidas por incêndios florestais na Austrália.
Foto: Arte/G1
Atletas e celebridades se mobilizam para ajudar a Austrália, enquanto muitos governos oferecem sua ajuda.
É provável que a crise continue por mais algumas semanas, e não se sabe qual será o custo financeiro.
No entanto, o Conselho de Seguros australiano anunciou que os pedidos de indenizações recebidos já totalizavam AUS$ 700 milhões (cerca de R$ 1,9 bilhão de reais).
Criticado pela lentidão de sua resposta desde o início da crise, mas também por seu péssimo histórico na luta contra o aquecimento global, o primeiro-ministro conservador, Scott Morrison, prometeu fornecer, em dois anos, AUS$ 2 bilhões (cerca de R$ 5,6 bilhões) de receita tributária para um fundo nacional para ajudar as vítimas dos incêndios.

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