Economia

GM propõe suspensão de contratos e redução do salário de 90% dos funcionários em São José, diz sindicato

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A GM alega que medida é necessária para preservar empregos e que as medidas são temporárias, devendo durar cerca de dois meses, de acordo com a evolução do cenário da pandemia. Após negociações, GM propõe redução do salário de 90% dos funcionários, segundo sindicato.
Camilla Motta/ G1
A General Motors (GM), dona da Chevrolet, propôs a suspensão dos contratos de trabalho com redução de salários para 90% dos funcionários da fábrica de São José dos Campos (SP). A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos que encerrou neste sábado (4) uma rodada de quatro negociações com a montadora.
As propostas foram feitas com base na Medida Provisória (MP) 936, que autoriza a suspensão dos contratos de trabalhos em empresas, durante a pandemia de coronavírus. A empresa confirma a negociação (leia mais abaixo).
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A GM tem cerca de 3,8 mil funcionários em São José e pela proposta, somente cerca de 100 funcionários que continuam trabalhando na planta receberiam o salário integral. Os demais teriam os salários reduzidos entre 5% a 25%, de acordo com faixas salariais (veja abaixo):
Quem ganha até R$ 2.090,00 – vai receber 95% do salário
De R$ 2.090,01 a R$ 5.000 – 90%
De R$ 5.000,01 a R$ 10.000 – 85%
De R$ 10.000,01 – R$ 20.000 – 80%
Acima de R$ 20.000 – 75%
O sindicato informou que a proposta final será votada pela internet pelos metalúrgicos nos próximos dias. Por enquanto, todos os trabalhadores estão em férias coletivas, que terminam no dia 12 de abril.
“Deixamos na mesa de negociação a proposta de licença remunerada por dois meses, prorrogável por mais dois, e estabilidade por 12 meses. Após o período de coronavírus, já vemos uma recessão vindo. O mais importante para os trabalhadores é a estabilidade. A MP do governo não dá a proteção devida ao trabalhador”, disse o vice-presidente do sindicato da categoria em São José dos Campos, Renato Almeida.
O sindicato informou ainda que defendeu o lay-off sem redução salarial, mas que a empresa não aceitou.
O que diz a GM
Em nota, a GM informou que ‘vem tomando medidas que visam proteger a saúde dos colaboradores em meio à pandemia de Covid-19, ao mesmo tempo em que busca alternativas para garantir o futuro do negócio e que neste sentido, foram implementadas medidas como banco de horas, férias coletivas, planos de redução de custos e, inclusive, adiamento de investimentos’.
Entretanto, a montadora informou que ‘neste momento de crise sem precedentes que o Brasil e o mundo enfrentam e, num esforço para manter os empregos, a empresa está discutindo com os sindicatos outras medidas, que incluem lay-off e redução de jornada, ambas com impacto de redução salarial’.
A GM disse ainda que o pacote foi aprovado pela ampla maioria dos empregados das fábricas de São Caetano do Sul, Gravataí, Joinville e Mogi das Cruzes, e do Campo de Provas de Indaiatuba em assembleia digital promovida pelos sindicatos dos metalúrgicos e que a proposta inclui:
Um programa de redução de jornada e salário para empregados que seguem trabalhando em home office, inclusive o Presidente e toda a liderança em diferentes percentuais;
Para empregados até nível de gerência: uma hora de redução na jornada diária com 12,5% de redução no salário;
Para executivos de nível de diretoria e acima, o impacto será de 25% de redução no salário.
Um programa de lay-off que impacta a maior parte dos empregados horistas e mensalistas de todas as área e níveis do Brasil com redução salarial entre 5% e 25% do salário de acordo com faixa salarial.
A GM informou que estas medidas terão duração inicial de dois meses com possibilidade de extensão, podendo ser canceladas em caso de retorno da demanda do mercado a uma situação de normalidade e que a montadora está avaliando junto aos sindicatos as oportunidades estabelecidas pela MP 936, com o objetivo de adaptar as medidas aprovadas às novas regras apresentadas pelo governo.
Na nota a GM ainda ressaltou que essas medidas são emergenciais e temporárias, tendo como objetivo a preservação dos empregos, contribuindo com os esforços do governo federal e governos estaduais e municipais. Além disso, a empresa disse estar acompanhando a evolução do cenário e que estará pronta para retomar as atividades assim que for possível.