Economia

Em ação com BC, Tesouro cancela leilões de prefixados por “condições mais restritivas” do mercado

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O cancelamento do leilão de títulos públicos prefixados estava previsto para esta quinta-feira (12). O Tesouro Nacional informou nesta segunda-feira (9) o cancelamento do leilão primário de títulos prefixados (LTN e NTN-F) previsto para esta quinta-feira (12), “em virtude das condições mais restritivas do mercado financeiro”, conforme comunicado publicado no site do Tesouro.
O cancelamento é parte de “atuação coordenada com o Banco Central do Brasil”, disse o Tesouro no texto.
Está mantido, contudo, a oferta de LFT (títulos atrelados à Selic) programada para a mesma data.
“O Tesouro Nacional seguirá acompanhando a evolução das condições de mercado, para garantir o bom funcionamento do mercado de títulos públicos e de outros mercados correlatos”, disse a nota.
Juros futuros em alta
As taxas de juros dos contratos futuros de DI negociados na B3 — que servem de parâmetro para os juros pagos nos leilões do Tesouro — dispararam em forte alta nesta segunda-feira, reflexo da onda de aversão a risco que tomou conta dos mercados globais diante da derrocada dos preços do petróleo e dos temores em relação aos efeitos econômicos do coronavírus.
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O DI janeiro 2027 — cujo vencimento é um dos contemplados na oferta de NTN-F pelo Tesouro — saltou 45 pontos-base apenas nesta sessão, para 7,02% ao ano, maior alta diária em pontos desde junho de 2018.
Enquanto o Tesouro anunciou o cancelamento da oferta de prefixados, o Banco Central voltou a comunicar leilão, para terça-feira (10), de até R$ 2 bilhões em moeda à vista, depois de nesta segunda ter colocado R$ 3,465 bilhões nessa modalidade. O volume desta segunda é o maior a ser liquidado em um mesmo dia desde pelo menos 11 de maio de 2009.
Na última quinta-feira (5), o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que não via disfuncionalidade no mercado de títulos, razão pela qual, segundo ele, o Tesouro não estava conversando com o Banco Central sobre eventual ação conjunta.
A última vez que o Tesouro havia cancelado leilões programados por aumento de volatilidade no mercado fora entre maio e julho de 2018, na esteira de uma forte turbulência nos ativos financeiros em meio aos efeitos da greve dos caminhoneiros e preocupações no exterior sobre a guerra comercial.
Entre cancelamento e realização de operações extraordinárias, o Tesouro fez à época recompra líquida de um total de R$ 22,04 bilhões em títulos, dando saída a investidores que desejavam se desfazer dos papéis em forte desvalorização.
Na ocasião, o Tesouro também atuou em coordenação com o Banco Central. Ao longo de maio, junho e julho de 2018, o BC liquidou a venda líquida de 43,616 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional — que funcionam como injeção de liquidez no mercado futuro de câmbio.
Nesta segunda-feira, o dólar se aproximou de R$ 4,80 reais, renovando máximas históricas. No ano, a moeda salta 17,76%, o que mantém a divisa brasileira na lanterna entre seus principais rivais no período.
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