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Caminhoneiros fazem bloqueio em 16 estados

Caminhoneiros fazem bloqueio em 16 estados
Foto: Ailton do Vale/ Itatiaia
Movimento dos caminhoneiros, que estão mobilizados desde o 7 de Setembro, se expandiu. Na madrugada, foi registrada a interrupção de tráfego em trechos de estradas, em 16 estados.

Movimento dos caminhoneiros, que estão mobilizados desde o 7 de Setembro, se expandiu. Na madrugada, foi registrada a interrupção de tráfego em trechos de estradas, em 16 estados.

No Distrito Federal, a Secretaria de Segurança faz esforço intenso  para desobstruir a Esplanada dos Ministérios, ocupada por dezenas de caminhões.

Mas os carros de grande porte permanecem na área, monitorados por grande estrutura policial e militar. As negociações se intensificam hoje de manhã.

O acesso à Praça dos Três Poderes, incluindo Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, fica impedido.

REIVINDICAÇÃO – O movimento é organizado por caminhoneiros autônomos, que fazem exigências extremas, como o afastamento dos dez ministros do Supremo Tribunal.

Ontem eles tentaram entregar documento com reivindicações no Senado, mas não tiveram acesso aos senadores.

Diante disso, na madrugada, houve orientação para paralisação dos caminhões nas estradas.

Um dos principais líderes do movimento é o caminhoneiro Zé Trovão, que tem ordem de prisão determinada pelo Ministro Alexandre de Moraes, mas permanece em atuação, escondido em alguma área.

Ele liberou gravação na madrugada orientando para que a paralisação dos caminhões seja geral em todo o Brasil.

 PEDIDIO DE BOLSONARO – No início da noite, Presidente Bolsonaro fez apelo aos caminhoneiros, para que evitem a paralisação, diante de todos os transtornos que afetam a população brasileira.

Pediu que liberem as estradas do Brasil e disse que o bloqueio prejudica a economia.

“Fala para os caminhoneiros aí, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres”, falou.

Declarou ainda: “Deixa com a gente em Brasília aqui e agora. Mas não é fácil negociar e conversar por aqui com autoridades. Não é fácil. Mas a gente vai fazer a nossa parte aqui e vamos buscar uma solução para isso, tá ok? E aproveita, em meu nome, dá um abraço em todos os caminhoneiros. Valeu”, concluiu.

 MINISTRO TARCÍSIO APELA – A autenticidade do áudio de Bolsonaro foi confirmada pelo Ministro da infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Em vídeo publicado no WhatsApp, ele confirmou a preocupação do Presidente com o bloqueio das estradas.

“A gente sabe que há uma preocupação de todos com a melhoria da situação do país, há uma preocupação de todos com a resolução de problemas graves. Mas a gente não pode tentar resolver um problema criando outro”, ressaltou.

DESOBSTRUÇÃO – A Polícia Rodoviária Federal, subordinada ao Ministério da Infraestrutura, tem aparecido em diversos vídeos fazendo intensos esforços para desobstruir as estradas, até o momento sem confronto físico ou prisões.

Registros na imprensa indicam que há interrupção de tráfego de caminhões em 16 estados, mas o Ministério da Infraestrutura, com dados da Polícia Rodoviária Federal, reconhece pontos de concentração em 14 estados, dos quais 12 “com abordagem a veículos de cargas”.

Em algumas cidades, ocorre corrida aos postos de gasolina, onde o abastecimento por caminhões-tanques foi interrompido.

 MARCO TEMPORAL – A ocupação da Esplanada preocupa, inclusive porque o Supremo Tribunal adiou para hoje o julgamento sobre o Marco Temporal, que trata da demarcação de terras índigenas.

A presença em Brasília de milhares de índios e de comitivas de produtores rurais, com interesses conflitantes, gera insegurança na apreciação dessa matéria, considerada explosiva.

O Ministro Fachin é o relator do processo e deve apresentar hoje seu voto, que tende a ser favorável à causa indígena.

Na evolução do julgamento, à medida que ocorrerem os outros votos, tanto índios quando ruralistas podem tentar invadir o STF, requerendo, portanto, condições extremas de segurança. É tema explosivo.

Se o STF derrubar a aplicação do Marco Temporal, interpretando a Constituição de 1988, grande quantidade de propriedades rurais, em todas as regiões brasileiras, pode ser repassada para populações indígenas.

Produtores rurais, instalados há décadas, prometem reagir se isso acontecer. É um conflito à margem das polêmicas ligadas ao movimento de 7 de Setembro.

REPERCUSSÕES DO 7 DE SETEMBRO

Discursos do Presidente Bolsonaro no 7 de Setembro despertaram falas de repercussão em áreas federais diversas.

FUX – No Supremo Tribunal Federal (STF), Presidente Luiz Fux negou que qualquer força política possa ameaçar o funcionamento do órgão.

Destacou que não vai tolerar ameaças à autoridade de suas decisões. “Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do Chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além de representar um atentado à democracia, configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional.”

LIRA – Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, adotou tom pacificador e faz contatos tentando restabelecer o contato entre os Poderes. Ele apoiou os brasileiros que foram às ruas, mas reafirmou que a questão do voto impresso está superada.

Lira fez questão de defender uma pacificação entre os Poderes. “Conversarei com todos. É hora de dar um basta a esta escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”, afirmou.

ARAS – Procurador-Geral da República, Augusto Aras, afirmou que a separação dos Poderes deve ser protegida para garantir a liberdade e a própria democracia. Sobre os protestos que ocorreram no feriado da Independência, Aras descreveu como “ato cívico”.

Afirmou, no entanto, que “quando discordâncias vão para além de manifestações críticas, merecendo alguma providência, hão de ser encaminhadas pelas vias adequadas, de modo a não criar constrangimentos e dificuldades, quiçá injustiças, ao invés de soluções”.

ELEITORAL – Presidente da Câmara, Arthur Lira, suspendeu  debate a respeito do Código Eleitoral (PLP 112/2021), dizendo que “há posição divergente de diversos partidos”.

Para valer na eleição de 2022, o Brasil precisa ter nova lei eleitoral em vigor até 2 de outubro.

BRASIL – Brasileiros totalmente imunizados contra a Covid, com as duas doses ou a dose única de imunizantes, são 32,32% da população, o que representa 68.944.846 pessoas.

Os que receberam a primeira dose de vacinas são 136.028.080, o que corresponde a 63,77% da população.

Número de óbitos pela Covid-19 caiu muito ontem no Brasil, chegando a 250. Total de mortes atinge 584.421.

ECONOMIA – Instabilidade política afetou os índices da economia ontem.

Bolsa caiu 3,78%, para 113.413 pontos.

Dólar subiu 2,93, para R$ 5,32.

VEÍCULOS – Produção de veículos no Brasil teve crescimento de 0,3% de julho para agosto deste ano.

Com falta de peças, a produção recuou 21,9% em agosto frente ao mesmo período do ano passado.

No total,164 mil unidades foram montadas, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.

Balanço foi divulgado pela Anfavea, entidade que representa as montadoras e que registra, na soma de todas as categorias, crescimento de 33% da produção do setor desde o início do ano.

De janeiro a agosto, a indústria automotiva produziu 1,48 milhão de veículos.

Como falta carro nas concessionárias, as vendas, embora exista demanda, caíram 5,8% em agosto ante o mesmo período de 2020. Na comparação com julho, a queda foi de 1,5%

Por RENATO RIELLA

Foto: Ailton do Vale/ Itatiaia