O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira que Israel concordou em finalizar os termos de um cessar-fogo de 60 dias com o Hamas na Faixa de Gaza após uma reunião entre representantes da Casa Branca e autoridades israelenses. “Israel aceitou as condições necessárias para concluir o cessar-fogo de 60 dias”, escreveu o americano em sua plataforma Truth Social.
O republicano acrescentou que representantes de Catar e Egito, “que trabalharam muito duro para ajudar a trazer a paz, vão entregar essa proposta final” e instou o grupo palestino a aceitar os termos: “Espero, pelo bem do Oriente Médio, que o Hamas aceite esse acordo, porque [caso contrário, a situação] não vai melhorar, apenas piorar.”
Antes das declarações de Trump, um porta-voz do Hamas, Taher al-Nunu, havia dito à AFP que o grupo estava “disposto a aceitar qualquer proposta que levasse ao fim da guerra”.
O presidente americano deve receber o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Washington na próxima semana. Nesta terça-feira, o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, esteve na capital americana para se reunir com funcionários da Casa Branca.
A informação surge apenas alguns dias após o presidente americano afirmar, durante uma cúpula da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, na Holanda, que “grandes progressos estão sendo feitos em Gaza”, algo corroborado por fontes do Hamas. Trump disse ter ouvido de seu enviado especial e negociador-chefe, Steve Witkoff, que um acerto estaria “muito perto”.
A jornalistas, o Trump associou o otimismo em relação a Gaza ao cessar-fogo que interrompeu os 12 dias de confronto entre Israel e Irã, na semana passada. Até agora, as tentativas americanas para uma trégua no enclave fracassaram.
Segundo o Wall Street Journal, mediadores do Egito e Catar, que lideram as conversas, dizem que Israel e Hamas têm demonstrado maior interesse em avançar em termos aceitáveis para os dois lados, e o próprio Witkoff entrou em contato com os árabes para que intensificassem o diálogo.
A mais recente proposta não traz grandes mudanças em relação aos planos rejeitados nos últimos meses. O plano prevê um cessar-fogo preliminar de 60 dias, durante os quais serão libertados 10 reféns ainda vivos, assim como os corpos de alguns dos sequestrados que morreram no cativeiro em Gaza. Ao mesmo tempo, um número considerável de palestinos detidos por Israel seriam libertados. Após o período inicial, uma trégua mais ampla, com o retorno de todos os reféns, entraria em vigor.
Mas há questões sérias em aberto. O Hamas quer garantias de que as forças de Israel deixarão Gaza após a implementação do acordo e o fim do conflito, algo que ainda não está nos planos do premier Benjamin Netanyahu. Os israelenses, por sua vez, exigem o completo desarmamento do grupo, que perdeu a maior parte de suas lideranças políticas e militares, e teve suas capacidades de combate seriamente afetadas pela guerra.
Enquanto um acordo não sai, moradores de Gaza relatam que tiros e explosões têm sido quase constantes nos últimos dias em todo o território palestino, devastado por quase 21 meses de guerra. Nos últimos dias, Israel estendeu suas operações a novas áreas de Gaza. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse estar “profundamente alarmado com a intensificação das hostilidades” na região.
— Tenho a impressão de que o exército intensifica as matanças no terreno sempre que se fala em negociações ou em um possível cessar-fogo — declarou Raafat Halles, um morador de Gaza de 39 anos.
O Exército israelense anunciou nesta terça-feira ter atacado do ar “mais de 140 alvos terroristas em 24 horas para apoiar as forças terrestres” e anunciou o desmantelamento de aproximadamente 3 quilômetros de túneis no sul de Gaza, que, segundo afirmou, eram usados por combatentes do Hamas.
A agência de Defesa Civil de Gaza registrou pelo menos 26 mortos nesta terça-feira em tiroteios e ataques do exército israelense, incluindo 16 pessoas que morreram enquanto esperavam receber ajuda humanitária. Quando contatado pela AFP, o exército afirmou ter disparado tiros de advertência para afugentar os suspeitos, alegando não ter conhecimento de feridos como consequência do tiroteio.
Devido às restrições impostas à mídia na Faixa de Gaza e às dificuldades de acesso ao local, a AFP não pode verificar de forma independente os relatos e as afirmações da Defesa Civil.
Quase 170 ONGs internacionais pediram o fim do novo sistema de distribuição de ajuda, administrado desde o final de maio pela Fundação Humanitária de Gaza (FGH), uma empresa com financiamento opaco apoiada por Israel e pelos Estados Unidos. As autoridades sanitárias locais também alertam para um aumento dos casos de meningite infantil.
A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual morreram 1.219 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Naquele dia, 251 pessoas foram sequestradas, das quais 49 continuam como reféns em Gaza, embora 27 tenham sido declaradas mortas pelo Exército israelense.
Mais de 56.640 palestinos, em sua maioria civis, morreram na campanha de retaliação israelense contra a Faixa de Gaza, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Texto e mídia retirados de: https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/07/01/trump-diz-que-israel-esta-disposto-a-finalizar-termos-de-cessar-fogo-em-gaza.ghtml





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