Fabricante de aeronaves informou que registrou prejuízo de US$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2019. No comando da Boeing há duas semanas e meia, David Calhoun disse nesta quarta-feira (29), em teleconferência com analistas para comentar os resultados do quarto trimestre, que a fabricante de aeronaves atravessa um momento “muito desafiador”, na esteira da crise do 737 Max.
Funcionário trabalho próximo a um Boeing 737 MAX em Renton, nos EUA, em 16 de dezembro de 2019.
REUTERS/Lindsey Wasson
“Temos muito trabalho a fazer, mas estou confiante de que vamos gerir a situação da maneira correta e sou otimista quanto ao futuro da companhia, tanto em relação aos mercados em que atuamos quanto às habilidades técnicas e de engenharia”, afirmou.
Na abertura da teleconferência, Calhoun pediu desculpas aos familiares e amigos dos passageiros que estavam nos dois voos com o modelo que se acidentaram entre o fim de 2018 e início de 2019. “Essa memória vai me levar, pessoalmente, a fazer tudo o que puder para fazer nossas aeronaves e nossa indústria mais segura”.
O presidente da Boeing reconheceu que clientes e fornecedores estão profundamente desapontados com a companhia, que está trabalhando para reparar os impactos da crise do 737 Max também em seus parceiros de negócio. “É nosso trabalho reparar esses relacionamentos vitais e faremos isso com o compromisso de sermos transparentes em tudo”, acrescentou.
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Calhoun reiterou que caberá aos órgãos reguladores determinar o momento de certificação e retorno à operação do 737 Max, embora a expectativa da companhia seja a de retomada dos voos com o modelo em meados deste ano.
Conforme o executivo, a estimativa leva em conta a experiência da Boeing com o processo de certificação e não deve ser interpretada como uma tentativa de influenciar ou interferir na decisão das agências reguladoras.
O diretor financeiro da companhia, Greg Smith, afirmou que o balanço da Boeing continuará a ser afetado negativamente pela crise do 737 Max até que o modelo possa voltar a serviço com segurança, o que possibilitará a retomada das entregas a clientes e aumento das taxas de produção.
Para 2020, a Boeing projeta custos extraordinários de produção da ordem de US$ 4 bilhões na esteira dos problemas com o 737 Max. Com a expectativa de retomada da cerificação em meados deste ano, a companhia prevê que as taxas de produção do modelo ainda serão baixas em 2020, com melhora gradual nos próximos anos.
Nesta quarta, a fabricante de aeronaves informou que registrou prejuízo de US$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2019 (US$ 1,79 por ação), revertendo o lucro de US$ 3,42 bilhões apurado um ano antes. Excluindo itens não recorrentes, a companhia teve prejuízo de US$ 2,33 por papel. Um ano antes, foi apurado lucro de US$ 5,48 por ação. A Boeing encerrou 2019 com prejuízo de US$ 636 milhões – o pior resultado anual em duas décadas.
Apesar do resultado, as ações da Boeing operam em alta na Bolsa de Nova York. A análise preliminar é a de que os custos decorrentes da suspensão do 737 Max vieram em linha com o que era esperado pelo mercado.
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