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STF inicia interrogatório de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado

Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início ao interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A oitiva marca o reencontro presencial do ex-chefe do Planalto com antigos aliados de sua gestão, classificados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte do “núcleo crucial” da organização criminosa denunciada.

O interrogatório é conduzido pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, e faz parte da última etapa da ação penal contra o chamado núcleo 1 da trama golpista. Ao final dos depoimentos, Moraes apresentará seu voto, seguido pelos demais ministros da Primeira Turma do STF, composta também por Cristiano Zanin (presidente), Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux.

Réus sentados lado a lado, sem comunicação

Os réus estão sendo ouvidos presencialmente, sentados lado a lado em ordem alfabética, mas proibidos de conversar entre si. Apenas Walter Braga Netto, preso no Rio de Janeiro, participa por videoconferência. O interrogatório de Mauro Cid, que firmou delação premiada, abriu a sessão. Jair Bolsonaro será o sexto a depor, o que deve ocorrer entre terça e quarta-feira.

Durante as audiências, os réus respondem a perguntas sobre sua participação nos atos antidemocráticos, relacionamento com os demais investigados, e locais em que se encontravam na época dos crimes. Todos têm o direito constitucional de ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmos.

Acusações

Sete dos oito acusados respondem por cinco crimes:

  • Tentativa de golpe de Estado

  • Organização criminosa armada

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Dano qualificado

  • Deterioração de patrimônio público

O deputado Alexandre Ramagem responde por apenas três acusações, devido à exclusão de dois crimes pela Câmara dos Deputados, com base em sua prerrogativa parlamentar.

A PGR classifica Jair Bolsonaro como o líder da suposta organização criminosa. O grupo teria planejado impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, utilizando medidas extremas, incluindo a elaboração de decretos ilegais, incitação a militares e atos antidemocráticos, como os ataques de 8 de janeiro de 2023. Há ainda menções a planos de assassinato de autoridades.

Quem são os réus:

  • Jair Bolsonaro (ex-presidente): acusado de liderar o grupo criminoso e participar ativamente do plano golpista.

  • Walter Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice): acusado de financiar e operacionalizar a trama.

  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI): teria difundido fake news sobre as eleições em transmissões ao vivo.

  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa): teria articulado e defendido teses golpistas com base em desconfianças sobre as urnas.

  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça): tinha uma minuta golpista em sua casa e foi secretário de segurança do DF em 8/1.

  • Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin): acusado de usar a inteligência do Estado em benefício político.

  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha): teria oferecido apoio logístico militar ao plano golpista.

  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens): apontado como o articulador operacional e elo de ligação entre Bolsonaro e o grupo.

O que vem a seguir

Concluídos os interrogatórios, o processo segue para votação dos ministros, etapa que pode se estender por semanas. As defesas de Bolsonaro e Braga Netto pediram a suspensão das audiências, alegando não ter acesso a todas as provas — o que foi negado por Alexandre de Moraes, que afirmou que os documentos foram integralmente disponibilizados.

O reforço de segurança no STF foi solicitado pela Corte para garantir a ordem durante o julgamento, considerado um dos mais emblemáticos da história política recente do país.

 Voz de Brasília

Fonte: Correio Braziliense

Foto: foto da web