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Setor de serviços recua 0,9% em maio e tem 4ª queda consecutiva com pandemia

Setor passa a acumular perda de 19,7% em 4 meses, mostra IBGE. Na comparação com maio do ano passado, houve queda recorde de 19,5%. Serviços de informação e comunicação e de profissionais, administrativos e complementares foram os destaques de queda em maio, segundo o IBGE
Reprodução/TV Globo
Após tombo recorde em abril, o volume de serviços prestados no Brasil registrou queda de 0,9% em maio, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É a quarta queda mensal consecutiva do setor, que passa a acumular uma perda de 19,7% em meio à crise do coronavírus, embora os efeitos da pandemia só tenham sido evidenciados a partir do final de março, pesando sobre uma atividade que já vinha mostrando dificuldades em engrenar uma recuperação.
“Essa taxa de -0,9% mostra um aprofundamento de um cenário que já era muito desfavorável para o setor de serviços. Ter um resultado ainda negativo quando a comparação é feita com abril, mês que tivemos o pior resultado da série histórica (-11,9%), é bastante significativo”, afirmou o gerente da pesquisa Rodrigo Lobo.
O IBGE também revisou o resultado de abril para um tombo de 11,9%, ante leitura inicial de queda de 11,7%. Veja gráfico abaixo:
Volume de serviços mês a mês
Economia G1
Na comparação com maio do ano passado, a queda foi de 19,5%, a terceira taxa negativa consecutiva e o maior tombo desde o início da série histórica, em janeiro de 2012, evidenciando que o setor segue como um dos mais afetados pela pandemia e com pior desempenho em 2020.
O resultado contrariou as expectativas. As projeções em pesquisa da Reuters eram de alta de 5,2% no mês e de contração de 14,3% no ano.
“Essa crise provocada pelo fechamento das empresas transborda agora para os serviços de empresas prestados às empresas. Mesmo que a gente tenha observado taxas positivas para os serviços prestados às famílias e nos serviços de transportes, elas foram insuficientes não só para eliminar as perdas acumuladas em março e abril, como para colocar o setor no campo positivo”, destacou o pesquisador.
‘Vale ficou ainda mais profundo’
Com mais uma queda em maio, o volume de serviços no país ficou 27,9% abaixo do pico histórico, “indicando que o vale ficou ainda mais profundo”, uma vez que, em abril, essa distância era de 27%, destacou Lobo.
No acumulado no ano, o setor de serviços tem queda de 7,6% e, nos últimos 12 meses, perda de 2,7%.
O IBGE também informou que a receita nominal de serviços (que não desconta a inflação) recuou 0,7% em maio, frente ao mês imediatamente anterior. Quando comparado ao mesmo mês de 2019, houve queda de 18,8%. No ano, acumula baixa de 6% e, em 12 meses, tem perda de 0,1%.
Isolamento
De acordo com Lobo, o afrouxamento das medidas de isolamento social não será suficiente para o setor de serviços no país recuperar-se, uma vez que a crise provocou fechamento de negócios e reduziu a demanda entre empresas no país.
“Há atividades com bastante peso dentro dos serviços que não dependem apenas de uma liberalização da quarentena para retornarem. Dependem de um grau de confiança maior e um maior fluxo de negócios”, disse o pesquisador. “A volta do setor vai ter algum grau de novos protocolos, pessoas perderão emprego. Então, a retomada do setor de serviços tem caráter problemático”.
O que mais pesou no resultado
O recuo de 0,9% no volume de serviços, na passagem de abril para maio, foi acompanhado por 3 das 5 atividades pesquisadas pelo IBGE, com destaque para os setores de serviços de informação e comunicação (-2,5%), que acumula perda de 8,9% nos primeiros cinco meses do ano, e de profissionais, administrativos e complementares (-3,6%), que registrou queda de 20,6% nos últimos oito meses.
“São segmentos que dependem de uma dinâmica econômica ativa. Antes, havíamos sentido o impacto da crise principalmente nos serviços prestados às famílias, agora os serviços prestados por empresas para outras empresas começam a sentir efeitos importantes”, destacou Lobo.
Já entre as altas, os serviços prestados às famílias avançaram 14,9%, recuperando apenas pequena parte da perda acumulada de 62,7% nos três meses anteriores. Os serviços auxiliares aos transportes e correio tiveram alta de 4,6%, após acumular retração de 25% entre março e abril.
Veja a variação do volume de serviços em maio, por atividade e subgrupos:
Serviços prestados às famílias: 14,9%
Serviços de alojamento e alimentação: 4,1%
Outros serviços prestados às famílias (salões de beleza, academias, reparos, etc): 1,3%
Serviços de informação e comunicação: -2,5%
Serviços de tecnologia da informação e comunicação: -1,7%
Telecomunicações: -1%
Serviços de tecnologia da informação: -2,6%
Serviços audiovisuais: -4,1%
Serviços profissionais, administrativos e complementares: -3,6%
Serviços técnico-profissionais: -5,9%
Serviços administrativos e complementares: -1,8%
Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 4,6%
Transporte terrestre: 6,6%
Transporte aquaviário: -1,7%
Transporte aéreo: 9,2%
Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,9%
Outros serviços: -4,6%
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Queda em 16 estados
Regionalmente, 16 das 27 unidades da federação tiveram retração em maio de 2020, em relação ao mês imediatamente anterior, com destaque para São Paulo (-1,5%) e Distrito Federal (-13,9%). Outras pressões negativas relevantes vieram de Minas Gerais (-0,9%) e do Rio de Janeiro (-0,4%).
Já os principais resultados positivos vieram do Rio Grande do Sul (5,2%), de Santa Catarina (6,4%) e da Bahia (4,7%).
Índice de atividades turísticas cresce 6,6%
Um destaque positivo no mês de maio foi o índice das atividades turísticas, que cresceu 6,6% na comparação com abril, recuperando uma parcela da queda acumulada entre março e abril (-68,1%).
Já na comparação com maio do ano passado, o índice recuou 65,6%, registrando a terceira queda seguida, pressionado, principalmente, pela queda de receita de transporte aéreo, restaurantes, hotéis, rodoviário coletivo de passageiros e serviços de bufê.
Perspectivas
Economistas avaliam que o pior da crise já ficou para trás e que já há sinais de reação da economia, mas alertam para incertezas ainda elevadas e riscos de piora fiscal e descontrole do coronavírus.
Na quarta-feira, o IBGE mostrou que as vendas do comércio varejista cresceram 13,9% em maio, acima do esperado, recuperando parte das perdas registradas em março e abril. Já a produção industrial cresceu 7% em maio, após 2 meses de queda e de um tombo recorde em abril (-18,8%).
Comércio, construção, serviços domésticos, alimentação e alojamento são setores mais afetados pelo desemprego
Indicadores de maio e junho apontam reação da economia brasileira
O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o Brasil entrou em recessão já no 1º trimestre, sem ter recuperado todas as perdas da recessão de 2014-2016.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de retração de 6,50% para a economia brasileira este ano, indo a um crescimento de 3,50% em 2021.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos. Nos três primeiros meses de 2020, foi registrada uma retração de 1,5% na economia brasileira.

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