Retrospectiva 2019: o ano em que os smartphones começaram a dobrar thumbnail
Economia

Retrospectiva 2019: o ano em que os smartphones começaram a dobrar

Ano também foi marcado por câmeras mais potentes e telas com menos bordas. Smartphones também viraram capítulo da guerra comercial entre EUA e China. Mais câmeras, telas que dobram, displays infinitos. Relembre o ano dos smartphones.
Guilherme Pinheiro/G1
Quando a década começou, o anúncio de smartphones novos era muito aguardado, porque trazia mudanças radicais em relação aos anos anteriores. Mas, conforme os anos caminharam, os smartphones começaram a se parecer cada vez mais com aqueles lançados no ano anterior.
O ano de 2019 foi um ponto fora da curva e várias mudanças aconteceram:
As telas cresceram com a redução das bordas;
Os celulares dobráveis chegaram com expressividade;
as câmeras se multiplicaram e ficaram mais inteligentes;
Fabricantes chinesas voltaram ao Brasil e a guerra comercial EUA e China impactou o mercado.
Os smartphones são os gadgets tecnológicos que mais usamos para fazer praticamente tudo: pegar um voo, pedir comida ou um carro, pagar uma conta, transferir dinheiro, ver uma série. Veja algumas das tendências que dominaram os lançamentos dos aparelhos neste ano, como eles mudaram e como conectaram consumidores no país.
ESPECIAL: A vida na era dos apps
Ano dos dobráveis
As telas dobráveis começaram a aparecer já no começo do ano, no principal evento de tecnologia para consumidores de 2019, a Consumer Electronic Show (CES).
Na ocasião foi apresentado o Flexpai, de uma fabricante chinesa chamada Royole. O aparelho causou furor por ser uma novidade, com as principais fabricantes ainda não tendo lançado modelos com essa tecnologia.
Na época, a Royole afirmou a intenção de levar telas dobráveis a outros produtos, como camisetas e chapéus.
Celular com tela dobrável da chinesa Royole exposto na CES 2019
Thiago Lavado/G1
A empresa foi seguida por outras. Poucos meses depois, Samsung e Huawei anunciaram seus próprios dobráveis, que eram meio tablet, meio smartphone.
O Galaxy Fold, que veio junto com o Galaxy S10, ainda em fevereiro, chegou com muito mistério. O dobrável da Samsung não estava disponível ao final do evento e o celular, embora apresentado oficialmente, não tinha sido visto por muitas pessoas.
Quando foi enviado para testes a jornalistas e influenciadores, diversas unidades começaram a apresentar problemas na tela e falhas que impossibilitaram o uso. Com os problemas, a empresa resolveu adiar o lançamento oficial e arrumar o telefone.
Galaxy Fold começou a ser testado nos EUA e diversos modelos apresentaram problemas
Kelvin Cha/AP
Mais tarde, o presidente da divisão de smartphones da fabricante, DJ Koh, disse que o lançamento foi feito “às pressas”.
O exemplo da Samsung reverberou na concorrente Huawei, que lançou o dobrável Mate X apenas alguns dias depois, durante o evento Mobile World Congress, em Barcelona. A chinesa protelou a chegada do dispositivo ao mercado por causa do que aconteceu com o Galaxy Fold.
Lançado às vésperas da Mobile World Congress, em Barcelona, Mate X é o celular dobrável da Huawei
Sergio Perez/Reuters
No final do ano, quando os problemas já estavam menos latentes, foi a vez da Motorola reviver o famoso celular Razr V3. A empresa lançou um celular que dobra com tela à moda antiga: no meio, para ficar mais compacto no bolso — que era chamado de “flip”.
Motorola Razr é o retorno do celular de ‘flip’, agora com a tela que dobra.
Divulgação/Motorola
A Xiaomi também arriscou um modelo diferente. Em setembro a empresa lançou o Mi Mix Alpha, um smartphone com especificações parrudas e que era “abraçado” pela tela. Veja no vídeo abaixo, gravado quando a empresa mostrou o aparelho no Brasil.
Xiaomi Mi Mix Alpha tem tela curva que ‘abraça’ o aparelho
Chinesas de volta ao Brasil
O ano também foi marcado pelo retorno de duas fabricantes de smartphone chinesas, que voltaram a operar no país: Huawei e Xiaomi.
Em fevereiro, a confirmação da Xiaomi de que voltaria ao país animou os fãs da marca que já existiam no Brasil. Até então, para ter um aparelho da marca, era necessário realizar importação ou recorrer ao mercado cinza — produtos comprados por vias não oficiais, sem garantias ou assistência técnica.
Com a confirmação, a empresa trouxe ao Brasil em 2019 aparelhos como Mi 9 e a linha Redmi 8 e até lançou loja no país.
Com retorno ao Brasil, Xiaomi lançou também loja própria no país.
Paulo Whitaker/Reuters
Já a Huawei não teve uma volta tão apurada quanto a concorrente. A empresa trouxe no final de abril para o país a linha P30, anunciada em fevereiro e um dos modelos topo de linha do ano, com câmera poderosa.
Duas semanas depois, a empresa foi colocada em uma lista de restrição comercial pelo governo de Donald Trump, nos EUA. A partir dali, nenhuma companhia americana poderia fazer negócios com a Huawei. Isso incluía o Google, fabricante do sistema operacional Android, que cortou laços com a empresa.
Huawei P30 Pro foi o principal lançamento da chinesa no país em 2019
André Paixão/G1
A Huawei acusou os EUA de intimidação. Oficiais do governo já disseram que a empresa “não é confiável”.
Os celulares da empresa entraram em uma zona cinzenta, em que não se sabia mais sobre atualização do sistema operacional e uso de serviços cotidianos, como loja de aplicativos, Google Maps.
Como resultado, o retorno da Huawei ficou comprometido e os celulares acabaram virando um capítulo da guerra comercial entre EUA e China.
Richard Yu, executivo da Huawei, fala durante a apresentação dos modelos ‘Mate 30’. Linha foi a primeira a vir sem aplicativos do Google.
Christof Stache/AFP
Em outubro, a Huawei lançou o Mate 30 — principal modelo da empresa para o ano —, que chegou sem os apps do Google. O celular teve uso comprometido: não era possível baixar aplicativos na Play Store, loja do Android, e nem usar vários serviços que dependiam de alguma ferramenta da gigante americana. O aparelho não chegou a vir para o Brasil.
Menos borda, mais câmeras, mais inteligência
Foi em 2019 que mesmo os smartphones mais populares passaram a ter características dos modelos mais topo de linha. “Tela infinita”, bordas menores, mais câmeras e recursos de inteligência artificial são tendências que começaram há alguns anos, mas tomaram conta dos smartphones de custo intermediário este ano.
Um exemplo é o conhecido recurso de modo retrato, aquele que desfoca o fundo das fotos, que chegou a modelos intermediários — como A50 da Samsung, ou o Pixel 3a, o celular baratinho do Google, que não chegou a ser lançado no Brasil.
Nas telas as mais diversas formas de interferência surgiram: com a linha S10, a Samsung apostou na câmera como um “buraco”, no canto superior direito. Já com o Note10, lançado no segundo semestre, a fabricante sul-coreana optou por uma interferência menor, um buraco na tela, na parte superior central.
A novidade em 2019 é que as bordas mínimas não se limitaram aos smartphones mais caros. Celulares que custam na faixa dos R$ 600, como o Samsung Galaxy A10 e o Motorola G7 Play, já têm esse design com câmeras em detalhes mínimos e formato de gota.
Câmera do Galaxy S10 é um detalhe no canto da tela.
José Adorno/G1
As fabricantes apostaram em truques novos nas câmeras, como zoom ainda maior e mais inteligência para captura das imagens, principalmente em lugares com baixa luminosidade.
A Motorola, em dezembro, lançou o Motorola One Hyper, com uma câmera estilo pop-up que salta de um compartimento interno. O conjunto do Huawei P30 Pro tem uma câmera principal e uma ultra-grande angular, além de uma lente telefoto que permite zoom de até 50x.
Nos novos iPhone 11, o aumento no número de câmeras chamou atenção. A empresa também incorporou um recurso que usa inteligência artificial para misturar várias fotos clicadas em baixa luminosidade em uma única foto, que fica mais clara e com mais definição.
iPhones 11 e 11 Pro Max
Fabio Tito/G1
O Google, que investe muito em tecnologia aplicada às câmeras, trouxe o Pixel 4, já na reta final de 2019. O aparelho também conta com uma tecnologia especial para fotos noturnas.
A inteligência artificial deve se expandir da câmera para os aplicativos de voz nos próximos anos. Tradução simultânea de conversas e transcrição de texto em tempo real são algumas das funções que já foram apresentadas.

Tópicos