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Economia

Queda nas exportações de soja dos EUA ameaça expandir estoques

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Grão brasileiro está mais barato que o americano no mercado mundial, o que dificulta as vendas do país. Colheita de soja no Brasil
Ouro Safra/Divulgação
O recente enfraquecimento nos embarques de soja dos Estados Unidos, sem uma reviravolta prolongada na demanda de exportação, pode fazer com que os estoques do grão atinjam o segundo nível mais alto já registrado, em setembro, apesar da safra menor do ano passado.
A China é provavelmente o único país que poderia fornecer a elevação necessária à demanda por soja dos EUA, mas, devido à oferta mais barata e abundante no Brasil e uma economia global mais lenta após o coronavírus, a perspectiva não é muito favorável.
Os Estados Unidos exportaram apenas 2,76 milhões de toneladas de soja em fevereiro, o menor número para o mês desde 2004, de acordo com dados publicados na quinta-feira pelo US Census Bureau.
Pouquíssimos grãos americanos de soja foram embarcados em fevereiro para a China, a principal compradora, que concordou em importar um valor recorde de produtos agrícolas dos EUA este ano, devido à assinatura da Fase 1 do acordo comercial.
As exportações norte-americanas de soja para a China totalizaram 471.761 toneladas em fevereiro, uma queda de 78% no ano e a menor para o mês desde 2000.
Março pode ter sido ainda pior para a soja nos EUA. Os dados de inspeção de exportação publicados na segunda-feira (6) pelo Departamento de Agricultura do país, combinados com projeções recentes, colocam o volume de março em torno de 2 milhões de toneladas, mas pode ter ficado aquém disso.
Esse seria o pior março desde 2013, quando o país exportou 1,96 milhão de toneladas, mas se os embarques caírem abaixo desse número, serão os menores do mês desde 2002.
E o Brasil?
O Brasil, de outro lado, está quase terminando de colher o que se espera ser uma safra recorde de soja, e suas exportações recentes foram impressionantes.
Não são apenas os grãos brasileiros mais baratos que os norte-americanos, mas os agricultores têm vendido antecipadamente com a moeda perto de mínimas históricas em relação ao dólar.
Expressivos 11,6 milhões de toneladas de soja foram exportados pelo Brasil em março, cerca de 30% a mais do que o recorde de 2017 para o mês, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O volume ainda é maior do que o recorde mensal de 11,2 milhões de toneladas estabelecido em outubro de 2016 pelos Estados Unidos.
Além disso, o volume de março foi o segundo maior da história do país, atrás apenas dos 12,35 milhões de toneladas exportados pelo Brasil em maio de 2018, segundo a Secex.
Entre setembro e março, os primeiros sete meses do ano comercial nos Estados Unidos, o Brasil exportou um recorde de 35,8 milhões de toneladas de soja, um aumento de 4% em relação à máxima anual anterior. Cerca de 81% dos grãos foram para a China.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)estima a colheita de soja do Brasil em 126 milhões de toneladas, mas analistas do setor reduziram recentemente estimativas baseadas na seca, para até 120 milhões de toneladas.
Se a safra brasileira ficar menor, isso pode causar um aumento nas vendas de soja nos EUA nos próximos meses, como em 2016.
Mas os estoques globais de soja estavam um pouco mais apertados há quatro anos do que hoje, e o aumento das vendas nos EUA provavelmente ainda ficaria aquém do necessário.
Como referência, o USDA havia estimado a safra de soja 2015/2016 do Brasil em 100 milhões de toneladas, mas a produção final caiu para 96,5 milhões.

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