Economia

Nissan diz que não pretende dissolver aliança com Renault: 'É a razão da competitividade' da marca

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Jornal publicou no domingo que montadora japonesa tinha plano de se separar da francesa. Ghosn alega que Nissan armou complô contra ele por temer influência da Renault. Aliança Renault-Nissan foi criada em 1999, por Carlos Ghosn
Kenzo Tribouillard/AFP
A Nissan afirmou que não pretende dissolver sua aliança com a Renault e a Mitsubishi Motors, criada pelo ex-executivo Carlos Ghosn, que está foragido da Justiça japonesa.
“Essa aliança é a razão da competitividade da Nissan. Com essa aliança, que busca gerar crescimento estável e de longo prazo, a Nissan continuará obtendo resultados positivos” para as três empresas, afirmou a montadora nesta terça-feira (14).
No último domingo (12), uma reportagem do jornal “Financial Times” atribuiu a fontes a informação de que os japoneses tinham um plano pronto para se separarem da Renault.
Ghosn, que escapou para o Líbano, vem dizendo que sua acusação por violações financeiras e quebra de confiança é um complô da Nissan e dos promotores do Japão contra ele porque a fabricante temia um aumento da influência da Renault na aliança.
Na semana passada, durante uma coletiva de imprensa em Beirute, após sua fuga do Japão, Ghosn afirmou que “já não havia mais aliança Renault-Nissan”.
Reação
“A aliança Renault-Nissan não está morta! Em breve provaremos”, reagiu nesta terça seu atual presidente, Jean-Dominique Senard, em entrevista ao jornal belga “L’Echo”.
“A aliança não está nesse ponto. Estamos recriando seu espírito original. O conselho do grupo que presido é de qualidade excepcional. Nunca vi uma relação cordial tão boa entre os diferentes líderes de nossos três grupos [Renault, Nissan e Mitsubishi] para avançar na direção certa”, acrescentou.
“Nenhum diretor de nossos três grupos duvida da utilidade fundamental dessa aliança. Não temos escolha. Temos que alcançá-la”, disse Senard.
Segundo ele, neste momento, “estão previstos investimentos consideráveis para explorar as tecnologias do futuro”, devido a uma indústria automobilística em plena mutação que só reforça a parceria.
“O que foi escrito não tem ligação com a realidade atual da aliança. Eu me pergunto sobre a origem dessa informação. Não tenho certeza de sua boa intenção”, disse ao jornal belga sobre a reportagem do “FT”.
Os rumores publicados tiveram um impacto nas ações dos dois grupos. Na segunda, a Renault perdeu 2,82% na bolsa de Paris. Nesta terça, a ação da Nissan caía 2,96% na bolsa de Tóquio.
Sucessores caíram
Nissan e Renault tentam acabar com a era Ghosn, cuja prisão e acusação no Japão no final de 2018 paralisaram sua aliança.
Porém, com a exceção de Senard, no comando da aliança, os dois sucessores de Ghosn à frente da Renault e da Nissan, respectivamente, já deixaram seus postos.
Thierry Bolloré, que assumiu a presidência-executiva da Renault 1 ano atrás, foi demitido em outubro, em circunstâncias não detalhadas.
E Hiroto Saikawa, que era o presidente-executivo na Nissan desde 2017, nomeado por Ghosn, renunciou em setembro, após assumir ter recebido pagamentos indevidos.
A Nissan tem desde dezembro um novo CEO, Makoto Uchida, e um novo diretor de operações, Ashwani Gupta, duas pessoas claramente a favor da aliança, segundo a agência France Presse.
No final de dezembro, o número 3 da Nissan, Jun Seki, mais desconfiado dessa aliança, apresentou sua demissão, o que sugere possíveis divisões internas no grupo japonês, completou a AFP.
Reveja entrevista de Carlos Ghosn à GloboNews, em Beirute:
Carlos Ghosn fala sobre fuga e acusação de fraude fiscal
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