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Milhas: como acumular e viajar sem colocar a mão no bolso

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Especialistas e viajantes acostumados a comprar passagens com utilizando pontos de milhagem chamam atenção para compras em cartão de crédito, programas de fidelidade e quando e como vender os pontos. O funcionário público Douglas Figueiredo e sua esposa em Nova York: passagens das férias compradas com 140 mil milhas
Acervo pessoal
Comprar passagens aéreas sem colocar a mão no bolso, apenas utilizando milhas é uma vantagem em tempos de tarifas mais caras. Mas como acumular pontos e gastá-los da maneira mais lucrativa? O G1 reuniu dicas de especialistas e viajantes acostumados a usar milhagens para tirar férias.
É o caso do funcionário público Douglas Figueiredo. Em setembro deste ano, ele tirou férias em Miami e Nova York com sua mulher. Todos os trechos, incluindo saída do aeroporto de Vitória (ES), foram comprados com os 140 mil pontos de milhas que acumulou em menos de um ano.
“Por ano, consigo acumular cerca de 200 mil pontos”, conta o capixaba, que, para isso, lança mão de priorizar compras com cartão de crédito, assina um plano básico para ter vantagens em seu programa de benefícios e só troca pontos por passagens duas vezes ao ano – no máximo.
A contadora Giselle Ribeiro Cantudo também entende do assunto: tirou férias com o marido na Itália e em Santiago, e já visitou Fernando de Noronha, Maceió, Florianópolis e Brasília utilizando milhas. Para acumular mais, prioriza compras no cartão de crédito para acumular pontos no programa de fidelidade do seu banco e só troca as milhas por voos para destinos que ela quer muito.
Como eles, há vários brasileiros: para se ter ideia, a Smiles, programa de milhagens parceira da Gol, emite cerca de 5,5 milhões de passagens por ano – o que representa 12% do total de passagens emitidas pela Gol em 2018. XXXXXX. A Azul não respondeu.
A contadora Giselle Ribeiro em Assis, na Itália: passagens aéreas para a Europa foram compradas com pontos de milhagem
Acervo pessoal
Veja abaixo como tirar proveito dos principais jeitos de acumular milha, como gastar da melhor forma ou quando é hora de vender o que você acumulou.
Programas das companhias aéreas
Dicas para acumular
A maneira mais tradicional de acumular milhas é voando. As três maiores companhias aéreas que operam voos nacionais possuem programas de vantagem onde você pode fazer um cadastro e ir pontuando e acumulando milhas.
Quanto mais voos, mais pontos. E há critérios que podem fazer a pontuação variar, como o destino do voo e o tipo de tarifa comprada, por exemplo. A quantidade de milhas necessárias para trocar por um voo também varia de acordo com cada companhia aérea. Nesse caso, não há um padrão, mas o número de pontos pedidos para comprar determinados voos seguem a lógica: alta temporada e destinos mais caros demandam mais pontos.
Determinados programas de vantagens também oferecem a opção de assinatura. Você paga uma quantia por mês e, em troca, ganha mais pontos e passa a poder participar de promoções de resgate de milhas ou a ter vantagens na troca de pontos por passagens. Douglas Figueiredo assina um pacote básico e diz que já compensa: “Assino para ter as vantagens nas promoções de troca de pontos. Ele já dá direito à troca na porcentagem mais alta.”
Há um tempo limite para pedir os pontos correspondentes a algum voo que você fez. Fique atento ao regulamento do programa de milhagens que você possui. Ou então, para nunca esquecer de pontuar, crie o hábito: sempre lance seus pontos a cada check-in que fizer.
As companhias aéreas costumam dar mais pontos para quem compra as passagens de tarifas mais caras. Mas não compensa gastar mais dinheiro pensando nas milhas: a ideia de lucrar com milhagens é acumular mesmo na base do custo benefício.
Como gastar bem
Quando for comprar uma passagem aérea, faça duas buscas: uma simulando a compra em milhas e a outra em reais. “A partir disso, é possível calcular o valor que a milha está valendo para o trecho pesquisado e comparar com o preço médio/regular da milha”, diz Eliana Cameira, gerente marketing do Skyscanner.
Se a passagem estiver barata, não compensa “queimar” as milhas. É melhor ir juntando para trocá-las por uma passagem mais cara, de um destino mais longe, e economizar na hora certa. “Hoje em dia, 15 mil pontos é uma boa oportunidade para destinos nacionais”, diz Giselle Ribeiro. Douglas tem outra estratégia: “Bom, é abaixo de 10 mil pontos. Se estiver mirando viagem internacional, melhor guardar”.
Compre a passagem com os pontos com antecedência e, se puder, dê preferência para a baixa temporada: você vai gastar menos pontos para conseguir voar. E o chavão de ficar de olho nas promoções também vale quando o assunto é milhagem: elas sempre são válidas.
Se optar por fazer uma assinatura num programa de vantagens, pense duas vezes antes de fazer a troca de milhas por passagens: troque no máximo duas vezes ao ano, para compensar de fato a troca e para acumular muitos pontos – sobretudo se o plano for fazer uma viagem internacional.
Registro interno do Aeroporto Internacional de Cumbica
Sidnei Barros/Prefeitura de Guarulhos
Programas de vantagens em geral
Como acumular
Dá para acumular milhas por meio de compras feitas em empresas que possuem programas de vantagem e são parceiras das companhias aéreas. É o caso de algumas redes de hotéis e postos de gasolina, exemplifica Eliana Cameira. A cada hospedagem ou abastecimento, você soma pontos que podem sem transferidos para os programas de vantagens das empresa aéreas.
Tem que ficar atento qual programa de vantagem vai ser mais lucrativo para você. “A reserva de uma diária em determinado hotel pode oferecer cinco milhas Smiles por real gasto, por exemplo, e essa mesma reserva valer 10 milhas Latam Pass”, explica Tahiana D’Egmont, executiva da MaxMilhas.
É possível comprar pontos diretamente nos programas de fidelidade. Mas a dica é a mesma com a compra de passagens mais caras: não compensa gastar mais dinheiro pensando nas milhas. A ideia de lucrar com milhagens é acumular mesmo na base do custo benefício.
Como gastar bem
As dicas na hora de usar os pontos adquiridos com programas de vantagem são as mesmas para os pontos somados nos programas das companhias aéreas. Mas como, neste caso, você realizou compras em determinados lugares pensando no dia de gastas as milhas, é preciso fazer uma compra de passagens consciente.
É fundamental ter em mente que as milhas não são gratuitas. Em algum momento, você pagou por elas, mesmo que indiretamente, ao reservar um hotel, abastecer num determinado posto de gasolina. Saber quanto valem as milhas que você tem é um primeiro passo para entender se vale a pena trocar por passagem ou se é melhor juntar e comprar suas passagens com dinheiro. Existem vários sites que fazem esse tipo de cotação.
Cartão de crédito
Como acumular
O cartão de crédito passou a ser uma das formas mais comuns de acúmulo. A cada compra feita no crédito, você acumula pontos, que podem ser transferidos para os programas de fidelidade das companhias e se transformarem em milhas; ensina Tahiana D’Egmont.
É importante saber que a política de pontuação varia de acordo com diferentes critérios, como a data do voo, por exemplo. Segundo Tahiana, a pontuação também pode variar para cada banco, bandeira e categoria de cartão de crédito, que têm diferentes taxas de conversão — isso vai determinar quantos pontos você receberá por real gasto.
É bom ficar de olho: programas de fidelidade das companhias aéreas promovem ações promocionais que estimulam o acúmulo de milhas extras na hora de transferir pontos do cartão de crédito.
Fique de olho nos pontos acumulados em cada fatura e não perca a validade das milhas.
Como gastar bem
Alguns bancos já possuem plataforma própria de compra de passagens, sem que você precise passar os pontos para o programa de vantagens de alguma companhia aérea. Neste caso, compare bem os preços cobrados pelo trecho que você quer na plataforma do banco com o cobrado nos sites das empresas aéreas.
Caso você opte por transferir os pontos, pode haver cobrança de tarifas por conta da transferência. Ou seja: há um custo envolvido. Então, o ideal é trocar os pontos apenas por passagens que você quer muito e que, de fato, vão fazer uma diferença no seu bolso. Por isso, as dicas anteriores valem em dobro: opte por viajar em baixa temporada, pesquise em diferentes companhias e também compare o preço da venda em milha com a venda em dinheiro.
Planejamento e organização são essenciais para o bom uso do cartão de crédito.
Shutterstock
Como e quando vender milhas?
A venda de milhas varia de empresa para empresa. Segundo Eliana Cameira, existem dois tipos de sites especializados nessa área: o que compra suas milhas e vende para terceiros e o que faz a intermediação entre compradores e vendedores de milhas.
“Vale a pena vender suas milhas quando elas estiverem para vencer ou caso, por algum motivo, você não pretenda usá-las tão cedo”, aconselha a gerente do Skyscanner.
Em linhas gerais, o primeiro passo é acumular o mínimo necessário de milhas para venda – as empresas costumam estipular uma quantidade mínima, comprando apenas a partir de 3 mil milhas, por exemplo.
Depois, acontece a cotação das milhas no site onde quer vendê-las – a empresa informará quanto pagará pelos seus pontos, lembrando que a cotação varia de acordo com a oferta e demanda do mercado de milhas. E, enfim, recebe pela venda.
Há casos de sites de intermediação. Neles, o vendedor que define o valor das milhas.
Venda de milhas para emissão de passagens aéreas cresce no Brasil
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