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Meganavio encalhado no Canal de Suez: entenda as consequências para a economia

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Canal é responsável por cerca de 10% do comércio marítimo internacional. Bloqueio já eleva o custo do frete marítimo e pode prejudicar o abastecimento da cadeia global de suprimentos. O meganavio de contêineres Ever Given, de 224 mil toneladas e 400 metros de comprimento, bloqueia totalmente o Canal de Suez, no Egito, em foto do satélite BlackSky tirada às 15h30 de 25 de março de 2021
BlackSky via Reuters
O bloqueio provocado pelo meganavio Ever Given, encalhado no Canal de Suez, no Egito, deve provocar uma série de consequências para a economia global se não for resolvido rapidamente.
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O Canal de Suez é responsável por cerca de 10% do comércio marítimo internacional. Por dia, US$ 9,5 bilhões em mercadorias são transportados pelo canal.
De início, esse bloqueio já eleva o custo do frete marítimo e pode prejudicar o abastecimento da cadeia global de suprimentos, o que desencadearia um aumento de preços para o consumidor.
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Aumento do frete
De acordo com a agência Reuters, os fretes de navios com derivados de petróleo quase dobraram desde que o Ever Given encalhou no canal na terça-feira.
O canal é importante porque facilita a rota entre Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Portanto, conecta de forma mais rápida a Ásia, o Oriente Médio e a Europa. Com o bloqueio, os navios têm de contornar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.
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JN
O canal permite, portanto, que os navios economizem quase 9 mil quilômetros em cada sentido, reduzindo a distância em 43%, segundo dados do World Maritime Transport Council (WSC) divulgados pela BBC.
O aumento no custo do frete por desencadear uma sequência de alta de preços até chegar ao consumidor.
Impacto nos preços dos combustíveis
Segundo a agência Reuters, analistas acreditam em um impacto maior em tanqueiros menores e derivados de petróleo, como a nafta, e nas exportações de combustíveis de petróleo da Europa para a Ásia se o canal permanecer fechado durante semanas.
“Cerca de 20% da nafta da Ásia é suprida pelos mares Mediterrâneo e Negro através do Canal de Suez”, disse Sri Paravaikkarasu, diretor de petróleo asiático da FGE, acrescentando que redirecionar navios pelo Cabo da Boa Esperança pode aumentar as viagens em duas semanas e elevar custos com combustíveis.
O impacto sobre os fretes para os mercados de energia provavelmente poderá ser mitigado pelo fato de a demanda de petróleo cru e gás natural liquefeito (LNG) estar na baixa temporada, disseram analistas consultados pela Reuters.
Imagem do barco que obstrui a passagem pelo Canal de Suez, em 26 de março de 2021
Divulgação/ Suez Canal Authority/Via Reuters
Cadeia global e falta de produtos
Além dos combustíveis, as cadeias globais de suprimentos e outras commodities podem ser afetadas se o bloqueio não for resolvido rapidamente. São vários produtos transportados pelo Canal de Suez: de grãos a roupas de bebê, destaca a agência Reuters.
A suspensão do tráfego também aprofunda os problemas de empresas de transporte que já enfrentam transtornos por causa da pandemia de coronavírus e atrasos no suprimento de bens de varejo para os consumidores.
“Com as cadeias de oferta já sob pressão, um grande navio de contêineres literalmente bloqueou uma das principais rotas do comércio mundial”, disse Joanna Konings, economista sênior do ING. “Enquanto a Autoridade do Canal de Suez trabalha para liberar o canal, o tráfego está aumentando e a falta de insumos vai causar interrupções nas cadeias de abastecimento.”
A consultoria Lloyd’s List estima que o valor diário dos contêineres que transitam pelo canal é de US$ 9,5 bilhões (mais de R$ 53 bilhões), dos quais cerca de US$ 5 bilhões (R$ 28,2 bi) vão para o oeste e outros US$ 4,5 bilhões (R$ 25,4 bi) para o leste, destaca a BBC.
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