Meio Ambiente

Manchas de óleo no litoral do Ceará podem afetar berçários naturais de espécies marinhas, afirmam especialistas

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Vestígios de petróleo cru reapareceram no estado na última semana, nos municípios de Amontada e Itarema Praia de Apiques, em Itapipoca, no Ceará, foi atingida por manchas de óleo na segunda-feira (6).
Divulgação
O reaparecimento de manchas de petróleo cru no litoral do Ceará na semana passada, em localidades dos municípios de Amontada, Itarema e Itapipoca, reacendeu o alerta para os prejuízos socioambientais que o material pode causar. A maior preocupação, segundo especialistas, é que as manchas atinjam berçários naturais de peixes, moluscos e crustáceos situados nessa região.
Veja a lista de praias atingidas pelas manchas
Desde domingo (5), resquícios de petróleo foram avistados por moradores nas praias de Tijuca e Almofala, em Itarema; nas praias de Caetanos e do Jiqui, em Amontada. A população relata, ainda, o aparecimento do material na Praia de Apiques, em Itapipoca. Mais de 100 dias após a primeira mancha surgir, 998 pontos do litoral do Nordeste e estados do Sudeste já foram atingidos pelo óleo, segundo o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
“É uma região que tem muitos bancos naturais, que são os principais criatórios da lagosta no Ceará. Vamos ter isso em Icapuí (no litoral Leste do estado), além de uma grande extensão de bancos naturais na região que vai do Paracuru (litoral Oeste) até próximo a Itarema”, afirma Rogéria de Oliveira Rodrigues, coordenadora de ações de Campo do Instituto Terramar de Pesquisa e Assessoria a Pesca Artesanal.
Os berçários naturais, ou bancos naturais, são locais estratégicos para reprodução e alimentação de peixes, moluscos, lagostas e outros crustáceos. Por concentrarem variedades de algas e corais, tornam-se ambientes propícios ao surgimento das espécies.
“As espécies de algas ocorrem em grande diversidade nesses espaços, que acabam funcionando como abrigo e um local apropriado para reprodução”, analisa Dárlio Inácio Alves Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Ficologia, que estuda algas.
Até o momento, segundo Teixeira, os impactos das manchas nesses berçários são mínimos, mas a situação “pode se agravar caso o óleo apareça em grande quantidade”, explica o especialista. Uma das soluções para reduzir possíveis danos seria a utilização de barreiras de contenção, “como as que foram usadas em regiões de mangues”, analisa Dárlio.
Marinha em alerta
Manchas de óleo reaparecem em praias do Ceará
Na segunda-feira (6), moradores registraram resquícios de óleo em Itarema. Em nota, a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Ceará, informou que equipes estiveram na cidade para avaliar a situação.
De acordo com a Marinha, foram “encontrados pequenos vestígios esparsos, prontamente recolhidos” e a Secretaria de Meio Ambiente de Itarema continua alerta a qualquer aparecimento de manchas de óleo em todo o litoral da cidade.
“Diariamente, são enviadas equipes para realizar monitoramento e limpeza das praias atingidas por resíduos de óleo nos municípios de Amontada, Itapipoca e Itarema. As atividades serão realizadas até que as localidades estejam livres da poluição”, finaliza a nota.
Pesca prejudicada
As regiões atingida pelo óleo também concentram grande quantidade de pescadores artesanais, cujo trabalho é impactado diretamente pela poluição. Francisco Gaspar dos Anjos, morador do Assentamento Maceió, que abrange 12 comunidades de Itapipoca, lamenta o desastre ambiental.
“O pessoal que vive da pesca fica prejudicado porque tem medo de consumir e até mesmo de colocar o material de trabalho no mar, que pode ser danificado. Aqui no assentamento, praticamente todo mundo sobrevive da pesca e da agricultura”.
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