Economia

Lei do Saneamento: preocupações com financiamento e interferências políticas persistem nas agências reguladoras, diz pesquisa

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Sondagem do Instituto Trata Brasil faz balanço da entrada da Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA) na regulação do saneamento no Brasil e perspectivas para o trabalho sob novas regras. Esgoto jorra nas águas da Baía de Guanabara
Marcos Serra Lima/G1
Uma sondagem com agências reguladoras de saneamento mostra a percepção de futuro das entidades com as mudanças estabelecidas pela nova Lei do Saneamento, sancionada em julho de 2020. O levantamento foi feito pelo Instituto Trata Brasil, com 66 agências de todo o país.
A nova lei visa a ampliar a presença do setor privado na área, já que o saneamento é um serviço prestado majoritariamente por empresas públicas estaduais. Além da abertura de mercado, o texto prevê que a Agência Nacional de Águas (ANA) deverá estabelecer normas de referência sobre padrões de qualidade e eficiência na prestação, na manutenção e na operação dos sistemas de saneamento básico.
24 estados precisam aumentar investimentos em saneamento para atingir metas da nova lei do setor
A pesquisa procurou medir a expectativa das agências municipais e estaduais para os efeitos da implementação de novas regras e preparo da ANA para comandar as melhorias. Responderam os dirigentes das entidades e os reguladores.
Mesmo com mudanças recentes, as preocupações dos órgãos reguladores continuam parecidas: o temor de interferências políticas na gestão, clareza sobre financiamento e a rotatividade de pessoal, que prejudica a continuidade de projetos de longo prazo, são as principais.
A pesquisa pede para que os entrevistados classifiquem os desafios da agência reguladora entre “pouco relevante” e “extremamente relevante”. Veja abaixo.
Opinião dos dirigentes das agências reguladoras sobre desafios na condução da entidade
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Opinião dos técnicos das agências reguladoras sobre desafios na condução da entidade
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Em seguida, são questionados sobre a necessidade desses temas constarem na norma de referência da ANA para a governança dos projetos.
Avaliação de diretores sobre assuntos que deveriam estar na norma da ANA
G1 Economia
Avaliação de diretores sobre assuntos que deveriam estar na norma da ANA
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A maioria dos mandatários (61%) tem visão positiva sobre o preparo da ANA para atendimento às novas competências estabelecidas no novo marco regulatório. Outros 13% discordam desse grupo e 26% disseram que não poderiam opinar. Entre os reguladores, a opinião está dividida: 36% não soube opinar, outros 34% concordam que a agência está pronta, enquanto 30% discordam.
Diretores e técnicos avaliam competência da ANA para capitanear o setor com novo marco regulatório
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Segundo o Trata Brasil, os resultados mostram que dirigentes e técnicos entendem que o novo Marco Legal do Saneamento é uma “grande oportunidade para melhorar aspectos relevantes, tais como as autonomias administrativa e financeira” das agências.
“Há uma esperança substancial por parte desse público de que as novas normas de referência a serem publicadas pela ANA contemplem e tragam melhorias às agências, em especial à governança regulatória, autonomia e redução da interferência política”, diz o estudo.