Setor que empregava cerca de 40 mil pessoas antes da crise e presta serviços como manuseio de bagagens e cargas aéreas já registra demissões e atraso em salários. O governo federal estuda lançar uma linha de crédito específica para empresas que atuam nos aeroportos brasileiros e prestam serviços de apoio, como manuseio de bagagem e carga aérea.
De acordo com o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai operar o empréstimo, que deve ser de R$ 300 milhões a R$ 500 milhões.
“Essas empresas prestam serviços auxiliares nos aeroportos. São elas que operam os tratores que transportam bagagem ou as escadas que permitem aos passageiros descer ou subir nos aviões. Elas empregam muitas pessoas, que recebem salários mais baixos”, disse o secretário.
Desembarque de carga de 525 mil testes para a Covid-19 no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP)
Imprensa/Aeroporto Internacional de Viracopos
De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (Abesata), Ricardo Aparecido Miguel, essas empresas empregavam cerca de 40 mil pessoas em todo o país antes da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, com salário médio de cerca de R$ 1,8 mil.
Entretanto, disse ele, a redução drástica nos voos desde março fez cair o faturamento do setor, o que levou à demissão de cerca de 20% desses trabalhadores e à adoção de medidas como redução de jornada de trabalho e de salário.
“Existe o risco de as empresas que prestam serviços auxiliares pararem. Isso atingiria os voos essenciais [mantidos durante a pandemia]. Em alguns aeroportos, entre eles os de Porto Alegre e Florianópolis, já houve no mês passado atrasos ou então pagamento parcial dos salários”, disse Aparecido Miguel.
O presidente da Abesata estima que seriam necessários R$ 450 milhões para que as empresas de apoio nos aeroportos consigam sobreviver pelos próximos seis meses.
A linha de crédito para as empresas de serviços auxiliares seria mais uma medida de socorro do governo ao setor aéreo, um dos mais atingidos pela pandemia.
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Empresas aéreas
Para as grandes empresas aéreas (Gol, Latam e Azul), o governo já anunciou medidas como a antecipação da compra de cerca de R$ 600 milhões em passagens, a serem usadas por servidores públicos após a pandemia.
Além disso, finaliza os detalhes de um empréstimo para as aéreas, envolvendo o BNDES e um grupo de bancos privados, que pode atingir de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões.
Já as concessionárias de aeroportos foram beneficiadas com o adiamento do prazo para pagamento ao governo da chamada outorga (parcela anual do bônus oferecido por essas empresas no leilão).
O governo também já anunciou que vai reconhecer o direito de revisão dos contratos de concessão dos aeroportos, para permitir que as concessionárias sejam compensadas por perdas financeiras durante a pandemia.
O secretário de Aviação Civil disse que, além das empresas de serviços auxiliares, as pequenas empresas aéreas do país também devem ser beneficiadas com a nova linha de crédito do BNDES.
Para viabilizar esse empréstimo, o governo pretende usar como garantia os recursos depositados no Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), normalmente direcionados para investimentos no setor.
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