Meio Ambiente

Fotos em área indígena mostram desmatamento causado por fraudes em manejos florestais no MA

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Imagens fazem parte da ‘Operação Canafístula’, da Polícia Federal, que acusa servidores da Secretaria de Meio Ambiente de diversos crimes ambientais, além de lavagem de dinheiro. Área em vermelho mostra a área de desmatamento que excede a área azul, na Terra Indígena Arariboia
Reprodução/TV Mirante
Após a ‘Operação Canafístula’, a Polícia Federal deu detalhes sobre as investigações que apuram a aprovação fraudulenta de Planos de Manejo Florestais, realizados por servidores da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), em empreendimentos rurais para exploração de madeira.
A ações buscavam acobertar a exploração ilegal de madeira em áreas de proteção federal, como terras indígenas e na Reserva Biológica Gurupi. Na prática, segundo a PF, o objetivo da associação criminosa era desmatar mais áreas florestais em áreas indígenas e federais para gerar mais dinheiro, a favor de empresas rurais e servidores públicos.
PF investiga crimes ambientais envolvendo ex-secretários e servidores do MA
As fraudes puderam ser comprovadas por imagens de satélite. Algumas fotos mostram a extração de madeira invadida na Reserva Indígena Arariboia, na área de floresta amazônica no Maranhão, que tem 413 mil hectares.
Segundo a PF, o grupo criminoso entrava com um pedido de desmatamento de uma área e explorava outra. As investigações foram lentas, segundo a PF, por conta de foro privilegiado de alguns investigados e documentos que sumiram da SEMA
Em coletiva realizada nesta quarta (11), a Polícia Federal informou ainda que empresários beneficiados com desmatamento ilegal no Maranhão obtiveram objetos fraudados com a conivência de pessoas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA).
“Provas muito robustas comprovaram as fraudes”, afirmou a superintendente.
Polícia Federal concedeu entrevista coletiva e deu detalhes sobre a Operação Canafístula no Maranhão
TV Mirante
Sobre as acusações da PF, o Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, informou apenas que vai cooperar com todas as investigações, sempre que necessário, e que não foi procurada pela Polícia Federal a respeito da operação.
Apreensões e interrogatórios
A Operação Canafístula cumpriu 20 mandados de busca e apreensão, além de 32 interrogatórios. Mais de 80 policiais estiveram envolvidos nos estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins.
Operação ‘Canafístula’ realizou cerca de 30 mandados de busca e apreensão em várias cidades do Maranhão
Divulgação/Polícia Federal
No Maranhão, a operação foi realizada em São Luís, São José de Ribamar, Buriticupu, Presidente Médici, Centro Novo, Chapadinha, Imperatriz e Balsas. Os suspeitos foram indiciados pelos crimes falsificação de documento público, inserção de dados falsos em sistema de formação e associação criminosa, além de lavagem de dinheiro.
Fraudes em manejo florestal
PF realiza operação ‘Canafístula’ em cidades do Maranhão e Pará
Divulgação/PF
De acordo com laudos periciais e análise técnica realizados em 15 planos de manejo apreendidos na Secretaria do Meio Ambiente, houve dano ambiental de 148.258,90 m³ em toras de madeiras extraídas ilicitamente. Em termos de comparação, seria preciso 4.235 caminhões para transportar toda a madeira.
O prejuízo calculado apenas nos projetos resulta em, aproximadamente, R$ 33 milhões. Para a Polícia Federal, o desmatamento na amazônia maranhense só aconteceu devido a essas fraudes.
“Durante todos esse anos houve esse desmatamento na amazônia e só se deu devido a essas fraudes. Não existe desmatamento ilegal sem essa fraude nos processo de manejo porque eles precisam esquentar essa madeira extraída de forma ilícita para ser vendida”, afirmou a PF na coletiva desta quarta (11).