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Fim da produção de celulares da LG em Taubaté pode impactar mais de outros 400 empregos na região

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Sindicatos alertam que além dos 400 trabalhadores diretos da empresa sul-coreana, mais 430 funcionários em três fábricas terceirizadas exclusivas estão com os postos em xeque. Fábrica da LG em Taubaté vai fechar setor de celulares e medida afeta cadeia produtiva
Reprodução/ TV Vanguarda
Com o anúncio do encerramento da produção mundial de celulares da LG, trabalhadores da fabricante sul-coreana em Taubaté (SP) vivem um momento de apreensão, que se estende a três fábricas terceirizadas exclusivas da marca. Só na divisão de celulares, são 400 dos mil trabalhadores que estão com destino incerto, já que a empresa ainda não detalhou o que pretende fazer.
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De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, além deles há ainda outros 430 funcionários de três fábricas terceirizadas exclusivas da LG que estão com os postos em xeque com o anúncio do fim da divisão de smartphones.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Weller Gonçalves, afirma que o fim das atividades em Taubaté vai afetar a Blue Tech e a 3C, em Caçapava, e a Sun Tech, em São José dos Campos.
“Tem duas coisas que eu acho muito importante: 90% dos trabalhadores dessas três empresas são mulheres. Na maior parte, são mães solteiras. Elas dependem desse sustento. Outra questão é que essas três fábricas produzem, de fato, os celulares. O celular vai para a LG só para ser carimbado e enviado para as lojas. Quem põem a mão na massa são essas trabalhadoras”, disse ao G1.
Ainda de acordo com o presidente, dos 430 terceirizados, são 40 da 3C, que faz a produção dos carregadores da LG, outros 170 são da BlueTech e outros 220, da SunTech – ambas fábricas que recebem matéria-prima da empresa sul-coreana e produzem os aparelhos, que depois são enviados para a matriz de Taubaté, onde recebem a certificação e são enviados para centros de distribuição.
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Greve
De acordo com o sindicato, os trabalhadores das três terceirizadas da LG na região devem entrar em greve a partir desta terça-feira (6). A greve foi anunciada no início da tarde desta segunda-feira (5), logo após o anúncio da LG.
A paralisação deve começar às 6h, na entrada do primeiro turno das empresas. O sindicato também informou que, ainda nesta terça-feira, tem uma reunião marcada com representantes das empresas terceirizadas para discutir sobre a manutenção dos postos de trabalho.
Poder público
Em nota, a Prefeitura de Taubaté informou que está em tratativas com a LG desde início de fevereiro e que a montadora sinalizou que tem interesse em reativar a operação da linha branca (geladeiras e lavadoras) na planta, mas que isso dependeria de redução do ICMS pelo Governo de SP.
“A Prefeitura está praticando a política de redução de impostos municipais, no limite na lei, para que a empresa permaneça na cidade e os empregos sejam mantidos. A Secretaria de Desenvolvimento e Inovação já informou ao Estado que, caso haja negociação sobre ICMS na planta de Taubaté, a LG informou que há condições de reativar a produção de linha branca”, diz nota.
Já o Estado informou que “acompanha a situação e está em diálogo com a prefeitura de Taubaté para apoiar a recolocação dos trabalhadores da fábrica e a atração de investimentos para mitigação dos impactos na região”.
Panorama da LG
Apesar do anúncio do fim da divisão de celulares, a produção de monitores em Taubaté não deve ser afetada pela medida. O anúncio desta segunda também não deve afetar a outra fábrica que a LG mantém no país, que fica em Manaus (AM) e produz aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e outros eletrodomésticos da chamada linha branca.
Com o anúncio desta segunda-feira, a LG se torna a primeira grande empresa que produz celulares a se retirar deste mercado.
A sul-coreana afirma que o fim das operações foi definida após sucessivos prejuízos na área. Antes, a companhia havia tentado vender todo o setor, mas, sem sucesso, optou pelo encerramento das atividades.
“Desde o segundo semestre de 2015, o nosso negócio global de celulares tem sofrido uma perda operacional por 23 trimestres consecutivos, resultando em um acumulado de aproximadamente 4,1 bilhões de dólares (US) [em perdas] até o final de 2020”, informou a LG em nota.
O futuro da LG já era especulado pela imprensa internacional desde o início do ano. Em fevereiro, uma notícia veiculada pelo jornal “The Korea Times” informava que a LG havia iniciado as negociações para a venda da produção global de celulares da marca.
No entanto, no fim de março a Bloomberg publicou que após o fracasso das negociações com uma empresa alemã e outra vietnamita, a empresa sul-coreana iria fechar o setor em vez de vendê-lo.
Na planta, os trabalhadores da divisão de celulares da fábrica de Taubaté aprovaram estado de greve em 26 de março. Na ocasião, eles buscavam negociação com a empresa diante das incertezas. Apesar disso, até a publicação não havia uma sinalização dos trabalhadores sobre uma paralisação.
A LG foi procurada pelo G1 sobre qual deve ser o futuro dos trabalhadores da fábrica, mas não respondeu até a publicação da reportagem.
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