Segundo a Anbima, as emissões de empresas do país atingiram a cifra recorde para os três meses iniciais do ano de R$ 102 bilhões. Bovespa – Painel da bolsa de valores de São Paulo, B3, nesta quarta-feira (11).
Cris Faga/Estadão Conteúdo
O mercado de capitais brasileiro viveu o melhor primeiro trimestre de sua história em termos de captações neste ano. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as emissões de empresas do país atingiram a cifra recorde para os três meses iniciais do ano de R$ 102 bilhões.
A renda variável atingiu montante de R$ 33,4 bilhões, enquanto a renda fixa e os instrumentos híbridos responderam por R$ 68,6 bilhões do total. O crescimento das captações ante o período de janeiro a março de 2020 foi de 21,7%.
“O volume captado total é uma notícia espetacular, o maior resultado da série histórica para o período”, afirmou o vice-presidente da Anbima, José Eduardo Laloni, durante a coletiva sobre os resultados.
A renda variável teve um avanço de 7,05% ante o mesmo intervalo do ano passado. Apesar da alta relativamente modesta, Laloni ressalva que, entre os R$ 31,2 bilhões captados na renda variável no primeiro trimestre de 2020, há o follow-on da Petrobras que, sozinho, movimentou R$ 22 bilhões.
Sem a oferta subsequente da petroleira, as emissões de ações neste ano teriam crescido 3,6 vezes em termos de valor frente ao início de 2020. “É um trimestre normalmente mais desafiador, mas mostrou um mercado bastante ativo” mesmo com o recrudescimento da pandemia.
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Laloni também destacou o fato de o volume financeiro de ofertas iniciais (IPO) ter superado as subsequentes (follow-on) pelo segundo trimestre consecutivo. Trata-se de uma inversão de tendência que predominou nos últimos anos.
Os IPOs totalizaram R$ 21,8 bilhões no período, enquanto os follow-ons acrescentaram R$ 11,6 bilhões ao total da renda variável de janeiro a março. No primeiro trimestre de 2020, as ofertas subsequentes dominaram as emissões com R$ 27,3 bilhões contra apenas R$ 4 bilhões captados nas operações de aberturas de capital.
“É importante ressaltar que os IPOs tiveram grande diversidade setorial e de volumes captados, mostrando capacidade bem maior de atrair investidores do que a gente vinha tendo nos últimos tempos”, afirmou o vice-presidente da Anbima.
Além dos IPOs ultrapassarem os follow-ons, as oferta foram predominantemente primárias. As ofertas com emissão de novas ações atingiram R$ 20,9 bilhões frente a R$ 12,5 bilhões das vendas de papéis pertencentes aos acionistas.
Na renda fixa, sem considerar os produtos híbridos, a captação cresceu 84% comparada ao primeiro trimestre de 2020. A emissão de debêntures atingiu R$ 31 bilhões nos três primeiros meses de 2021, muito acima dos R$ 16,9 bilhões no mesmo período do ano passado. “Se a gente comparar com 2019, já voltou a uma patamar de emissão de dois anos atrás”, ponderou Laloni.
Entre o grupo dos híbridos, os maiores volumes ficaram com os fundos imobiliários (FII) e dos fundos de direitos creditórios (fidcs). No primeiro trimestre de 2021 os FIIs levantaram R$ 14 bilhões, enquanto os fidcs responderam por outros R$ 14,8 bilhões.
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Os certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e os do agronegócio (CRA) tiveram emissões de, respectivamente, R$ 4,7 bilhões e R$ 3,1 bilhões. As empresas captaram apenas R$ 1,2 bilhão por meio de notas promissórias.
No mercado externo, as companhias brasileiras captaram US$ 7,6 bilhões ou R$ 43,5 bilhões com emissões de títulos de dívida (bonds). “O volume veio em linha com o que tivemos no ano passado”, apontou o vice-presidente da Anbima.
Laloni comentou ainda que para este ano a entidade pretende avançar nas discussões para o desenvolvimento do mercado de Spacs no Brasil e contribuir para a nova norma de ofertas públicas, que vai unificar as instruções CVM 400 e CVM 476. “As spacs são um produto novo e estão vindo para o Brasil. Começamos as discussões com um grupo de trabalho interno na Anbima. A gente acha que pode ser um produto complementar às estruturas de capital de investidores no Brasil.”
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