Turismo

Elefantes passam fome na Tailândia durante a pandemia do novo coronavírus

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Donos de animais usados para entreter turistas estão sem renda. Crise expõe más condições dos elefantes tailandeses. Elefante procura por comida em fazenda na Tailândia, em foto de 28 de março
HANDOUT / THAI ELEPHANT ALLIANCE ASSOCIATION / AFP
Mal alimentados e acorrentados em lugares turísticos vazios, cerca de 2 mil elefantes na Tailândia esperam ajuda financeira de emergência para seus donos, que ficaram sem receita devido à pandemia do novo coronavírus.
Desde que o fluxo de turistas acabou, Ekasit, um elefante de 43 anos, está trancado, com as patas presas, mais de 18 horas por dia em um acampamento a cerca de 30 quilômetros ao oeste de Chiang Mai (norte).
Turistas observam elefante em santuário de resgate de animais, em foto do início de março
Lillian Suwanrumpha/AFP
Por causa da falta de arrecadação, seu dono não tem comida suficiente para alimentar o animal. A única opção para Ekasit é buscar bananas no templo vizinho e percorrer a estrada em busca de folhagens, muito escassas durante a estação seca, especialmente severa este ano.
“Não é suficiente. Ele tem apenas metade de sua ração diária. Sua saúde está em perigo”, diz à AFP seu guardião, Kosin.
Há preocupação também em instalações onde os elefantes brigam entre si e se machucam por estarem menos alimentados e presos. É o que relata Saengduean Chailert, do Elephant Nature Park, um abrigo para 84 destes animais.
Situação precária
Turistas visitam santuário de elefantes na Tailândia em 13 de março, antes da piora da pandemia do novo coronavírus
Lillian Suwanrumpha/AFP
Mesmo antes da pandemia, as condições de vida destes animais já eram estressantes. Muitos parques na Tailândia vendem um discurso de ética e respeito no tratamento destes animais, mas escondem, na verdade, um negócio inescrupuloso de duras condições de existência para os elefantes. No fim de janeiro, com a expansão do novo coronavírus, esta situação se tornou ainda mais alarmante.
O vírus obrigou os visitantes chineses (mais de 25% dos turistas) a permanecerem em casa. Depois, os campos foram abandonados, à medida que a doença avançava no mundo e países bloquearam fronteiras.
Em meados de março, as autoridades ordenaram o fechamento temporário de todos os parques de elefantes para tentar conter a propagação da Covid-19. O número de casos do novo coronavírus na Tailândia passa de 1,7 mil, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Mae Taeng, um dos maiores parques do país, recebia até 5 mil visitantes por dia antes da crise e tinha uma receita significativa, com passeios com elefantes e polêmicas apresentações com os animais dançando, ou pintando.
Elefante usado para entreter turistas levanta visitante com a tromba na Tailândia, em foto de fevereiro
Mladen Antonov/AFP
No cenário atual, dezenas de pequenas estruturas não podem mais arcar com seus gastos. A maioria aluga seus elefantes, entre US$ 700 e US$ 1,2 mil ao mês. A isso, somam-se os cerca de US$ 50 para alimentar estes animais diariamente e pagar seu cuidador.
“Muitos não conseguirão reabrir, após a crise”, afirma Saengduean Chailert.
Vários parques já devolveram os animais para seus donos. Apesar da proibição de sua exploração na indústria florestal desde 1989, alguns correm o risco de serem “empregados de novo no transporte de madeira, causador de inúmeros ferimentos”, teme o presidente da Thai Elephant Alliance Association, Theerapat Trungprakan.
Outros animais já começam a “voltar a mendigar” nas ruas com seus cuidadores.
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