Na comparação anual, avanço deve desacelerar para 15,9% em razão do fim de medidas de fomento para mitigar efeitos da pandemia. O saldo total da carteira de crédito do sistema financeiro deverá mostrar crescimento de 0,5% em fevereiro ante janeiro, segundo pesquisa da Febraban, que tenta antecipar a nota de crédito do Banco Central. Na comparação anual, a expansão deve ser de 15,9%.
Segundo a Febraban, a leve desaceleração no crescimento anual – que em janeiro havia sido de 16,0% – “se deve ao término de algumas medidas de fomento ao crédito para mitigar os efeitos da pandemia, convergindo para um ritmo de mais normalização em linha com o comportamento da atividade econômica”.
“A expansão da carteira de crédito ainda deverá permanecer em um patamar bastante alto, mostrando que, mesmo diante da perda de tração da atividade econômica neste início de ano, os bancos continuam irrigando a economia, concedendo crédito para as empresas e famílias”, afirma em nota Rubens Sardenberg, diretor de economia da Febraban.
O melhor desempenho de fevereiro deverá vir da carteira pessoa física, com estimativa de crescimento de 0,8% no mês e de 11,3% no ano. O avanço deve ser liderado pela carteira com recursos direcionados ( 0,9%), cuja principal linha, a de crédito imobiliário, segue beneficiada pelas baixas taxas de juros.
A carteira com recursos livres, por sua vez, deve crescer 0,7% em fevereiro ante janeiro, o maior crescimento para o mês desde 2008, “sugerindo que, ao menos até o mês passado, foi relativamente baixo o impacto das novas medidas restritivas de circulação sobre o consumo das famílias”.
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Em relação à carteira pessoa jurídica, a pesquisa mostra uma estimativa de alta mais modesta, de 0,2% no mês. A carteira livre deve crescer 0,8%, enquanto a carteira com recursos direcionados deve recuar 0,8%, refletindo o término dos programas públicos de crédito ligados à pandemia. Na comparação anual, o crescimento geral para PJ deve ser de 22,5%, sendo 22,2% para recursos livres e 22,8% para direcionados.
“Caso os valores se confirmem, as expansões das carteiras seguirão em nível elevado, especialmente a carteira destinada às empresas, que se encontra em seu maior patamar desde 2009”, diz a Febraban. Para os próximos meses, no entanto, a expectativa é de alguma desaceleração, diante de medidas como o término de programas públicos, a volta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito e a alíquota maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) a partir de julho, somadas ao processo de alta da Selic.
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Em termos de concessão de crédito, a pesquisa da Febraban mostra que deve haver crescimento mensal de 2,5% e anual de 2,4% em fevereiro. “É provável que o mês de março registre um recuo maior em função da piora das condições sanitárias e o avanço da pandemia”.
De acordo com o levantamento, a expansão das concessões deve ser liderada pelo crédito para as empresas ( 8,6%), principalmente com recursos direcionados, que devem mostrar alta de 16,0%. Já as concessões destinadas às famílias devem recuar 2,1%. A sazonalidade de fevereiro é ruim, já que o carnaval normalmente faz com que haja menos dias úteis. A média de 2012 a 2020 é de queda de 6,6% nessas concessões em fevereiro. O recuo deve ser puxado pelas concessões com recursos livres (-3,1%).
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