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Como ir do Brasil para a Argentina gastando apenas R$ 160

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ID Jovem, carteirinha voltada para jovens de baixa renda, tem modalidade na qual passagens de ônibus interestaduais têm descontos significativos. Alleson Coffran gastou um total de R$ 1.500 em uma viagem do Rio a Buenos Aires que também incluiu uma ida até Bariloche
Arquivo Pessoal
Uma carteirinha voltada para jovens de 15 a 29 anos, pertencentes a famílias com renda de até dois salários mínimos, possibilita descontos significativos em passagens de ônibus que fazem viagens interestaduais. É um documento batizado de ID Jovem, criado em 2015 com base na lei da meia- entrada.
As passagens com o uso do ID Jovem só podem ser adquiridas pessoalmente no guichê da empresa de transporte. São disponibilizados somente quatro lugares em cada ônibus convencional: duas passagens gratuitas e duas com 50% de desconto. Por conta da demanda de procura, os destinos acabam esgotando rápido, por isso é importante comprar passagens com antecedência.
Fernando Neto, de 21 anos, foi de São Paulo para Buenos Aires e gastou cerca de R$ 160 em passagens. “Eu sempre faço o mesmo trajeto, geralmente vou para a Argentina pelo menos quatro vezes ao ano com o uso do ID Jovem”. O trecho entre São Paulo e Buenos Aires, de ônibus, custa entre R$ 500 e R$ 650, em média.
Fernando foi de São Paulo até Buenos Aires e gastou R$ 160 reais em passagens
Fernando Neto/ Arquivo pessoal
Mas o estudante não foi direto até a capital argentina por conta da limitação do benefício para trajetos entre estados brasileiros. Primeiro, fez um deslocamento de São Paulo até Uruguaiana (RS), trajeto de cerca de 1.600 km, e pagou apenas R$ 10 referentes à taxa de pedágio. “De Uruguaiana eu comprei uma passagem de ônibus para Buenos Aires por R$ 150. Ao todo, a viagem de São Paulo a Buenos Aires durou cerca de 42 horas.”
Alleson Coffran, de 26 anos, viajou do Rio de Janeiro para Buenos Aires. Seus gastos totais foram de R$ 1.500 – e incluíram passagens, hospedagem, alimentação e uma viagem para Bariloche, cidade famosa pelas estações de esqui. “Eu peguei uma passagem gratuita do Rio para Foz do Iguaçu (PR), paguei somente as taxas de pedágio, cerca de R$ 70 no total”.
Em Foz do Iguaçu, para atravessar a fronteira, Alleson pegou um ônibus até a cidade argentina de Puerto Iguazú. O trajeto custou cerca de R$ 8. Por conta do acordo do Mercosul, brasileiros não precisam apresentar passaporte, somente um documento de identidade.
“De Puerto Iguazú até Buenos Aires eu preferi ir de avião já que o preço da passagem de ônibus estava pelo mesmo valor: R$ 300 de ida e volta. Dependendo da época do ano, o valor pode ser bem menor”, afirma Alleson. Bilhetes entre Buenos Aires e Bariloche também custam entre R$ 150 e R$ 300 fora de temporada.
Fernando Neto conta que já realizou em torno de 30 a 50 viagens pelo Brasil e América do Sul utilizando o benefício. “Já fui para o Rio de Janeiro, Espirito Santo e Minas Gerais. É um benefício importante para todos que precisam, já que nos dá a possibilidade de conhecer lugares que pelos menos pra mim seria inimaginável por conta do valor das passagens”.
Coffran também reconhece que a carteirinha deu novas possibilidades na vida. “Eu nunca tive uma condição financeira muito boa, principalmente para gastar com viagens. Mesmo economizando dinheiro eu não conseguiria sair do meu estado sem esse benefício. A única coisa ruim é o tempo de viagem, porque viajar de ônibus é bem cansativo. Mas vale a pena”.
Segundo informações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), as viagens realizadas por jovens de baixa renda tiveram elevação de até 260% entre os anos de 2017 e 2018, uma alta de 388 mil para 1.003.374 viagens em apenas 1 ano.
Como emitir o ID Jovem?
Para se cadastrar é necessário ter entre 15 e 29 anos, pertencer a uma família com renda mensal de até dois salários mínimos e ter o Número de Identificação Social (NIS) que está disponível no Cartão Cidadão ou no extrato do FGTS.
Caso os dados estejam atualizados no Cadastro Único do Governo Federal o documento pode ser emitido virtualmente neste site. Basta inserir os dados solicitados e clicar em “gerar ID”.
Se você se enquadra no perfil de beneficiário e mesmo assim não consegue emitir o documento virtualmente, procure o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para atualizar as informações familiares no Cadastro Único, levando em mãos o RG, comprovante de residência, carteira de trabalho de todas as pessoas que moram na mesma casa que você e o Número de Identificação Social (NIS).
Após a atualização, o ID leva cerca de 45 dias para ficar disponível na base de dados do sistema.
O documento possui validade de 180 dias e pode ser renovado pelo site do governo federal ou pessoalmente em uma unidade do Cras.
Como viajar com ID jovem?
As compras com o documento só podem ocorrer em território nacional – ou seja, não é possível comprar a passagem em Buenos Aires, por exemplo. A ANTT disponibiliza no seu site as linhas oferecidas e os horários disponíveis. Na compra, deve ser apresentado um print de tela ou a impressão do ID Jovem do viajante.
Por lei, as empresas não podem se negar a oferecer o serviço. Caso aconteça, o beneficiário deve denunciar a empresa na ouvidoria da ANTT ou pela central 166. A empresa deve emitir uma justificativa formal de recusa por escrito com data, local, horário e o motivo.
Como são poucas passagens por veículo, o ideal é procurar com pelo menos um mês de antecedência. Com a alta demanda, os destinos mais procurados esgotam rápido. Outra dica é monitorar os horários dos ônibus. Em feriados prolongados e fins de semanas, a procura é muito maior.