Economia

Comércio entre Brasil e Venezuela volta a cair em 2019 e atinge menor valor em 20 anos

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Exportações brasileiras para a Venezuela somaram US$ 418 milhões, valor mais baixo desde 2000. Queda ocorre em meio à crise no país vizinho e ao distanciamento após eleição de Bolsonaro. O comércio entre Brasil e Venezuela voltou a encolher em 2019 e registrou o pior resultado em pelo menos 20 anos, de acordo com números do Ministério da Economia.
No ano passado, tanto as exportações brasileiras quanto as importações de produtos venezuelanos foram as menores, em valor, desde pelo menos 2000.
As exportações brasileiras para a Venezuela em 2019 somaram US$ 418,11 milhões, queda 27,36% em relação ao registrado em 2018.
Já as importações de produtos venezuelanos pelo Brasil somaram US$ 80,8 milhões, queda de 52,71% na mesma comparação.
A Venezuela já chegou a estar entre os dez principais compradores de produtos brasileiros. Neste período de 20 anos, o maior valor foi registrado em 2008, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando os vizinho compraram US$ 5,13 bilhões.
O aumento das exportações para a Venezuela coincidiu com o período de crescimento econômico e de maior aproximação entre os governos dos dois países. As importações brasileiras de produtos venezuelanos, entretanto, sempre foram baixas, o que garantia alto superávit ao Brasil.
Nos últimos anos, porém, a Venezuela vem passando por uma grave crise política e econômica, o que se refletiu no comércio com o Brasil. Entre 2012 e 2017, as exportações para a Venezuela caíram de US$ 4,99 bilhões para US$ 469,6 milhões.
Em 2018, depois de 5 anos de queda, as compras venezuelanas cresceram (foram a US$ 575,6 milhões). Mas voltaram a cair em 2019, ano marcado pela chegada de Jair Bolsonaro à presidência e pelo aumento das tensões do governo brasileiro e com Nicolás Maduro.
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No ano passado, a Venezuela chegou a fechar a fronteira com o Brasil. O país também suspendeu a exportação de energia para Roraima, que, por conta disso, passou a ser atendido exclusivamente por termelétricas (o estado não está ligado à rede brasileira de transmissão de energia).
Com o recuo de 2019, a Venezuela caiu da 51ª para a 56ª posição no ranking de exportações do Brasil.
Calote
Em 2017, já durante a presidência de Michel Temer, o Banco Central do Brasil suspendeu a garantia dada a empresas brasileiras nas exportações de bens e serviços à Venezuela dentro do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR), que permitia que esses negócios fossem feitos tendo o governo brasileiro como fiador.
A decisão ocorreu pouco depois de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai darem início a um processo de expulsão da Venezuela do Mercosul.
No final daquele mesmo ano, Nicolás Maduro deixou de pagar uma parcela de financiamento ao governo brasileiro, que precisou usar recursos públicos para cobrir a dívida da Venezuela com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros bancos.
Questionado pelo G1, o Ministério da Economia apontou que a sanção à Venezuela pode explicar, ao menos em parte, a queda nas exportações brasileiras.
“De acordo com a legislação vigente, exportadores brasileiros que pretendam celebrar contratos de exportação com o país não podem pleitear os instrumentos governamentais de apoio oficial à exportação (financiamentos e garantias), o que pode diminuir o volume de exportações brasileiras para a Venezuela”, disse o ministério em nota.
“Não obstante, operações de comércio que não contem com financiamento/garantia pública não são impactadas pela situação de inadimplemento da Venezuela”, completou.
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