Economia

Com safra maior e bons preços, colheita de café canéfora ganha ritmo no Brasil

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Produção nacional de café robusta/conilon pode crescer até 16%. As exportações do grão já cresceram 30% na comparação anual. Com safra maior e bons preços, colheita de café canéfora ganha ritmo no Brasil.
Renata Silva/Embrapa
A colheita de cafés canéforas (robusta e conilon) está começando a ganhar ritmo no Brasil, com produtores na expectativa de uma safra maior dessas variedades em momento de alta nos preços internacionais, o que reforça uma busca por grãos de melhor qualidade em 2021, disseram especialistas.
Enquanto a produção nacional de café robusta/conilon pode crescer até 16% este ano, segundo previsões oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a de arábica está estimada para cair quase 40% na visão mais pessimista, o que tem dado suporte aos preços globais e no maior produtor e exportador global da commodity.
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Até o momento, cafeicultores de Espírito Santo e Rondônia, os dois maiores produtores de canéfora no país, colheram cerca de 15% das áreas, com os capixabas em ritmo mais lento que no ano passado, quando a colheita foi menor.
“A safra corre bem, os cafeicultores estão animados em relação ao preço, a gente sabe que oscila muito, mas de forma geral tem um bom prognóstico”, disse o pesquisador da Embrapa Enrique Alves, um dos maiores especialistas em robustas amazônicos, em Rondônia.
O café conilon do Espírito Santo está cotado a cerca de 465 reais por saca, com alta de 32% ante a mesma época do ano passado, a caminho dos maiores valores em termos nominais da história, quando atingiu patamares acima de 500 reais pela última vez em 2017, segundo dados do Cepea/Esalq.
Os grãos robusta e conilon, ainda que esteja ocorrendo um movimento para valorizar suas características e qualidade, são mais utilizados para a produção de café solúvel, ou em “blends” da indústria de torrefação, pelo fato de serem mais baratos que o arábica.
O café arábica rompeu a barreira de R$ 800 a saca nesta semana, maior valor nominal da história (sem considerar inflação), segundo o Cepea/Esalq.
“Estamos esperando uma safra em torno de 15% maior que a do ano passado, seria uma safra igual a 2019, este ano voltaria à normalidade de 2019. Safra boa e preços bons, isso ajuda, com certeza”, disse Edimilson Calegari, gerente corporativo de mercado da Cooabriel, maior cooperativa de produtores de conilon, com atuação no Espírito Santo e Bahia.
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A safra de conilon do Espírito Santo poderá crescer quase 23%, considerando a melhor estimativa da Conab, para 11,3 milhões de toneladas, trazendo algum alívio para o mercado que verá um ano de baixa do ciclo do arábica acentuada por problemas de uma seca prolongada.
Ainda que o clima tenha sido melhor na área capixaba, resultou em várias floradas, o que atrasou um pouco a colheita em 2021, disse Calegari. Em 2020, cerca de 30% dos cafezais de área da Cooabriel já tinham sido colhidos nesta época.
“Acredito que a partir da semana que vem vamos ter movimento maior de colheita. Estive visitando lavouras e observando que maturação está mais avançada e já dá para apanhar.”
Café atraente
Segundo Calegari, a cooperativa está incentivando a produção de cafés de melhor qualidade, tendo em vista a boa demanda externa. Ele lembrou que as vendas da Cooabriel já superaram em volumes os registros do ano passado.
“O mundo inteiro está adicionando robustas nos ‘blends’, e o mercado está sendo bem procurado depois que melhoramos a qualidade”, disse.
De outro lado, ele comentou que o produtor está mais retraído nas vendas no momento de olho no mercado. “Está vendendo menos café, vendendo mais dentro da necessidade, porque vê que tem possibilidade de melhora nos preços”.
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Em Rondônia, disse Alves, da Embrapa, os produtores estão investindo em tecnologias de colheita e pós-colheita, pensando na qualidade.
Ele destacou que as primeiras exportações diretas de Rondônia para a Coreia do Sul foram “bem-sucedidas” e já há indicativos de novas encomendas para a nova safra.
“Tanto da Coreia como da Europa, novos compradores estão interessados nos robustas amazônicos com qualidade diferenciada, um mercado que não existia e está se abrindo.”
No primeiro trimestre, as exportações de grãos canéforas do Brasil cresceram mais de 30% na comparação anual, para cerca de 900 mil sacas de 60 kg, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
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