Economia

'Caso GameStop': Fundos de investimento e plataformas de corretagem entram na berlinda nos EUA

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A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA prometeu atuar para “proteger os pequenos investidores quando os fatores demonstrarem uma atividade abusiva”. Fachada da GameStop em Westminster, Colorado
Reuters
Do procurador-geral do Texas aos reguladores da bolsa nos Estados Unidos, os ataques se multiplicaram nesta sexta-feira (29) contra os grandes fundos de investimento de Wall Street e algumas plataformas de corretagem, suspeitos de terem manipulado a bolsa, ao limitar alguns intercâmbios de ações.
O procurador-geral do Texas, Ken Paxton, pediu nesta sexta (29) informações a várias plataformas de corretagem, entre eles a Robinhood e a TD Ameritrade, sobre a limitação de transações em bolsa de títulos que foram alvo de compras em massa nos últimos dias.
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“As grandes empresas de Wall Street não podem restringir o acesso do público ao livre mercado e não deveriam censurar as discussões sobre este tema, especialmente se é em benefício próprio”, criticou Paxton, em um comunicado.
“Esta aparente coordenação entre ‘hedge funds’, plataformas de corretagem e servidores na internet para dissipar ameaças ao seu domínio do mercado é escandalosamente inédita e injusta. Cheira a corrupção”, disparou o procurador, que fez um pedido de informação com fins de investigação.
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Enquanto isso, a SEC, que supervisiona e regulamenta a bolsa de Nova York, disse “vigiar e analisar de perto a extrema volatilidade do preço de algumas ações” após a disparada de títulos como GameStop ou a rede de cinemas AMC.
A SEC prometeu atuar para “proteger os pequenos investidores quando os fatores demonstrarem uma atividade abusiva ou manipuladora na bolsa que esteja proibida pelas leis federais”.
Vários legisladores também manifestaram sua indignação com a situação.
A presidente do Comitê de Finanças da Câmara de Representantes, Maxine Waters, anunciou na quinta-feira (28) uma audiência parlamentar, ainda sem data prevista, sobre “a atitude predatória” dos fundos de investimentos.
O fenômeno

Desde o fim da semana passada, as ações da GameStop tiveram uma valorização incrível em Wall Street.
Referência histórica para os entusiastas dos videogames, as lojas GameStop estão longe de oferecer um modelo radiante de crescimento em uma era em que as compras online, os downloads e os jogos remotos superaram as vendas físicas.
Devido a estas dificuldades financeiras, as ações do grupo estão entre os principais alvos em Wall Street das vendas em ‘short’.
Esta prática, comum em grandes fundos de investimento, consiste em vender antecipadamente ações apostando em uma queda de seus preços com a finalidade de recomprá-las mais barato em data posterior, obtendo assim um ganho substancial.
Mas um grupo de “traders” que operam na bolsa, ansiosos por apostas financeiras arriscadas, propôs se opor a grandes nomes das finanças que vendem em “short” e começaram a comprar maciçamente ativos da GameStop para inflar seu preço.
Com três milhões de assinantes, o fórum WallStreetBets, do site Reddit, onde os usuários da internet se vangloriam de seus feitos ou, com mais frequência, de seus apuros na bolsa com memes e brincadeiras ousadas, foi a ferramenta principal usada neste movimento sem precedentes.
Resultado: alguns fundos tiveram que liquidar posições para comprar ações que esperavam que baixassem, a preços altos, com grandes perdas.
Os papéis da GameStop, que valiam US$ 43,03 na quinta-feira (21) da semana passada, fechou nesta sexta a US$ 325, com alta de mais de 650%.
Estas flutuações levaram várias plataformas de corretagem, entre elas o popular aplicativo Robinhood, a limitar os intercâmbios de algumas ações consideradas voláteis demais.
Charles Schwab, enquanto isso, controlador da TD Ameritrade, assegurou que não impôs a menor restrição, mas tomou as precauções necessárias “para se assegurar de que os clientes tivessem ativos suficientes para pagar suas compras de ações”.