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Brasil e França estreitam laços com foco em investimentos, cultura e meio ambiente

A visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, encerrada na última segunda-feira (9), marcou um novo capítulo nas relações diplomáticas entre os dois países. Após 13 anos sem uma visita de chefe de Estado brasileiro ao território francês, Lula reforçou parcerias estratégicas em áreas como investimentos, comércio, cultura, meio ambiente e segurança internacional.

Durante os quatro dias de compromissos, o presidente brasileiro participou de reuniões com o presidente francês, Emmanuel Macron, além de encontros com líderes europeus, empresários e autoridades locais. Um dos principais resultados foi o anúncio de que 15 grandes empresas francesas que já atuam no Brasil pretendem investir cerca de R$ 100 bilhões até 2030 no país.

“O papel do presidente não é negociar diretamente, mas criar condições para que os empresários possam dialogar, firmar parcerias e realizar investimentos”, afirmou Lula ao destacar o potencial da cooperação internacional para o desenvolvimento econômico do Brasil.

Retomada das relações bilaterais

Desde 2023, Brasil e França vêm promovendo uma reaproximação diplomática, intensificada com a visita de Emmanuel Macron à Amazônia, em março de 2024, e agora ratificada com a visita de Lula à Europa. O compromisso entre os países ficou evidente logo no primeiro dia da agenda, quando os dois líderes declararam o interesse conjunto em fortalecer ações voltadas à proteção da biodiversidade, à democracia, ao comércio exterior e à cultura.

Lula também destacou a necessidade de avançar no acordo entre o Mercosul e a União Europeia, defendendo que o tratado seja firmado até o fim do segundo semestre de 2025, período em que o Brasil presidirá o bloco sul-americano.

“Quero sair da presidência do Mercosul com o acordo assinado, e com Macron presente na cerimônia. É uma resposta firme ao crescimento do protecionismo e do unilateralismo no mundo”, afirmou.

Diplomacia, cultura e homenagens

Durante a viagem, Lula recebeu importantes homenagens, como a medalha de honra da Academia Francesa, concedida a apenas 19 chefes de Estado em 400 anos — entre eles, o imperador Dom Pedro II. O presidente também foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8, instituição com forte histórico de defesa do acesso democrático ao ensino superior.

A programação cultural incluiu ainda a visita à exposição “Nosso Barco Tambor Terra”, do artista brasileiro Ernesto Neto, no Grand Palais. A mostra integra a temporada cultural Brasil-França, que se estenderá até setembro de 2025 com mais de 300 eventos em 50 cidades francesas.

Em outro gesto simbólico, a Torre Eiffel foi iluminada em verde e amarelo em homenagem à presença da comitiva brasileira na capital francesa.

Acordos ambientais e defesa da paz

A pauta ambiental teve destaque nas reuniões com líderes europeus. Lula reforçou o compromisso do Brasil com a COP30, que será realizada em Belém (PA) no fim de 2025, e defendeu a necessidade de um financiamento internacional robusto para limitar o aquecimento global a 1,5ºC.

Em Paris, o presidente também criticou a ineficiência do atual formato do Conselho de Segurança da ONU, pedindo uma reforma que amplie a representatividade de países da América Latina, África e Ásia.

Ao abordar o conflito no Oriente Médio, Lula fez um apelo pela paz e questionou a passividade da comunidade internacional diante da violência contra civis em Gaza.

“É preciso que a mesma ONU que criou o Estado de Israel também proteja os direitos do povo palestino. Não podemos continuar assistindo à morte de crianças e mulheres sem indignação”, declarou.

Sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, Lula reafirmou a posição do Brasil contra a ocupação territorial e contra a guerra. Macron, por sua vez, disse que é preciso pressionar a Rússia a interromper o conflito, afirmando que “há um agressor e um agredido, e não podem ser tratados igualmente”.

Reconhecimento sanitário e ampliação comercial

Outro ponto celebrado por Lula foi a certificação internacional que classifica o Brasil como livre da febre aftosa sem vacinação. O reconhecimento, entregue pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), deve abrir novas oportunidades de exportação para o país, especialmente no setor de proteína animal.

A França é atualmente a terceira maior origem de investimentos diretos no Brasil, com um estoque estimado em US$ 66,3 bilhões. Mais de mil empresas francesas operam em território brasileiro, gerando cerca de 500 mil empregos. A corrente comercial entre os dois países alcançou US$ 9,1 bilhões em 2024, representando um crescimento de 8% em relação ao ano anterior.

Durante o encerramento do Fórum Empresarial Brasil-França, Lula reafirmou a importância de aprofundar os laços entre as duas nações em diferentes frentes — econômica, política, social e cultural.

“Esse é um momento extraordinário para fortalecer relações democráticas e estratégicas. Brasil e França têm tudo para ampliar sua cooperação em benefício dos seus povos e do planeta”, concluiu.

Voz de Brasília

Fonte: agência gov

Foto: foto da web

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