Economia

Banco Central se mostra mais preocupado com a inflação, dizem analistas

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Especialistas afirmam que a autoridade monetária avalia os impactos do fim do Auxílio-Emergencial na economia e retirou o forward guidance para coordenar expectativas de mercado. O comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que o Banco Central está mais preocupado com a inflação, mesmo com a decisão desta quarta-feira (20) de manutenção da Selic em 2% ao ano, segundo analistas ouvidos pelo G1. A mudança de tom indica que os juros devem voltar a subir.
A autoridade monetária reconheceu que os choques inflacionários se tornaram mais persistentes do que o esperado e apontou que as medidas subjacentes da inflação estão acima “do intervalo compatível com o cumprimento da meta ”.
“O BC reconhece um cenário que já vínhamos notando: de mais preocupação com a inflação”, afirmou Elisa Machado, economista da ARX Investimentos.
Na avaliação dela, a Selic deve voltar a subir no segundo trimestre.
Para Mauricio Oreng, superintendente de pesquisas macroeconômicas do Santander, apesar de o Banco Central ter mostrado preocupação com a inflação, a autoridade monetária ainda avalia os impactos do fim do Auxílio-Emergencial e da segunda onda da Covid-19.
“Ao mesmo tempo que eles endereçaram as preocupações do mercado, ganharam tempo para as incertezas”, disse Oreng.
Copom mantém taxa básica de juros da economia brasileira em 2% ao ano
No comunicado, o Copom também anunciou o fim do chamado “forward guidance”, a orientação futura que indica a manutenção dos juros respeitando certas condições, como era esperado pelo mercado.
“O fato de retirar o forward guidance não implica mecanicamente em elevação dos juros. É uma tentativa de coordenar as expectativas”, afirmou Elisa.
Pressionado pelos preços dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2020 em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%.
Inflação ao longo dos últimos anos
G1
Para 2021, as expectativas de inflação também estão em alta. No último relatório Focus, do Banco Central, os analistas estimam que o IPCA deve encerrar o ano em 3,47%. Há uma semana, a expectativa era de 3,35%.
Com um cenário pior para a inflação, os analistas avaliam que a Selic deve encerrar o ano em 3,25% – há uma semana, a expectativa era de 3%.
Na avaliação de Orengo, do Santander, o Copom deve ter uma visão mais clara sobre a economia, principalmente sobre a situação fiscal do país, a partir de março — quando, então, os juros devem sofrer alguma mudança.
“A inflação não está acima da meta. Se o BC vai subir juros ou não, vai depender do cenário econômico daqui para frente”, concluiu.
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