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Autoridades tailandesas tentam recuperar o controle da 'cidade dos macacos'; veja fotos

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População de macacos dobrou e 6.000 deles convivem com 27 mil humanos na cidade de Lopburi Imagem de 22 de junho mostra macacos sedados para operação
Jorge Silva/Reuters
Os habitantes estão refugiados em suas casas e há territórios proibidos para seres humanos. Em Lopburi, na Tailândia, milhares de macacos em liberdade, atração de turistas hoje inexistentes, estão fora de controle, forçando as autoridades a agir.
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“Vivemos em uma gaiola e os macacos vivem em liberdade”, suspira Kuljira, forçada a cobrir a parte de trás de sua casa com uma cerca impressionante.
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“Os excrementos estão por toda parte, o cheiro é insuportável, especialmente quando chove”, acrescenta a mulher, antes de abrir sua pequena loja no centro da cidade de Lopburi, localizada 150 km ao norte de Bangcoc.
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Jorge Silva/Reuters
Um pouco mais longe, Taweesak, outro comerciante, instalou tigres e crocodilos empalhados para tentar assustar os macacos e não hesita em usar uma bengala para afugentá-los quando se aproximarem de sua pequena loja.
Em três anos, sua população dobrou e 6.000 macacos convivem hoje com 27 mil humanos na cidade.
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Jorge Silva/Reuters
Expulsos de seu habitat natural e confinados em um primeiro momento ao redor de um templo da cidade, com o passar do tempo, os animais invadiram as ruas, apropriaram-se de edifícios e obrigaram os comércios a fechar as portas.
Assim, o antigo cinema da cidade se transformou em seu cemitério, que os macacos defendem com zelo.
Como representavam a principal atração turística de Lopburi, os macacos eram tolerados pela população e constituíam uma fonte de renda considerável.
Centenas de macacos famintos
Mas a Tailândia fechou suas fronteiras para conter a pandemia de coronavírus e os turistas estrangeiros, que alimentavam os animais e tiravam fotos deles, desapareceram e a situação se tornou incontrolável.
As imagens de centenas de animais famintos brigando no meio da rua por comida se espalharam pelo mundo.
Macacos esterilizados na Tailândia
Jorge Silva/Reuters
Um vídeo, postado na internet em março, também serviu para fazer as autoridades reagirem, lançando uma campanha de esterilização, a primeira em três anos.
O objetivo era castrar 500 macacos, machos e fêmeas, para impedir sua proliferação.
Atraídos por alimentos depositados em gaiolas grandes, os macacos são anestesiados e transferidos para uma clínica veterinária. Em 20 de junho, o primeiro dia da campanha, “capturamos 100, mas operamos apenas metade”, explica Narongporn Daudduem, diretor do Departamento de Parques e Vida Selvagem de Lopburi.
“Alguns já haviam sido esterilizados, outros estavam amamentando, outros eram muito jovens”, explica.
Mas a campanha de esterilização corre o risco de não ser suficiente e outra solução mais duradoura deve ser estudada. Por exemplo, remover todos os macacos da cidade e agrupá-los em outro local construído para eles, fora da localidade.
Enquanto isso, os habitantes de Lopburi terão que continuar sofrendo com eles. Para evitar que a situação degenere, os comerciantes decidiram alimentá-los por conta própria.
“Esses macacos têm o hábito de comer de tudo, como os humanos”, diz Pramot Ketampai, morador da cidade.
“Mas quanto mais são alimentados, mais energia terão e mais se reproduzirão”, acrescenta.
Apesar de tudo, Taweesak não quer que os macacos desapareçam, pois são importantes para as finanças da cidade.
O que Lopburi seria sem seus macacos?, ele pergunta. “São eles que farão os turistas voltarem. E também, se todos forem embora, eu finalmente me sentiria um pouco sozinho.”