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Alta do IOF é vista como improviso e revela desgaste do governo com Congresso, dizem analistas

Economistas criticam aumento do imposto e alertam para risco de crise fiscal semelhante à de 2015

A decisão do governo federal de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de câmbio, previdência privada e crédito corporativo gerou forte reação entre economistas e especialistas em política fiscal. Para analistas ouvidos pela CNN Brasil, a medida evidencia improvisação, falta de planejamento econômico e desgaste nas relações com o Congresso Nacional.

O economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman foi categórico ao avaliar a medida como amadora:

“Essa questão do IOF cheira a improviso porque é improviso. Coisa de gente despreparada, sem conhecimento da economia brasileira.”

Schwartsman também criticou o argumento do governo de que não há recursos para custear a máquina pública após aumento de R$ 220 bilhões em despesas.

“Dizer que não tem dinheiro depois de aumentar o gasto é um insulto à inteligência do público. Quem pariu Matheus que o embale.”

IOF pode minar investimentos e não resolver o rombo

O sócio-gestor da MAG Investimentos, Sérgio Machado, também criticou a eficácia da medida, apontando que o aumento do IOF pode desestimular investimentos sem oferecer real compensação fiscal.

“Esse tributo acaba com a indústria e não vai gerar um real de captação. Ninguém vai pagar 5% para investir em previdência. É o pior dos remédios: mata o doente e não resolve nada.”

O governo estima arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 com o novo IOF. A medida foi anunciada no mesmo dia em que foi divulgado o congelamento de R$ 31,3 bilhões em despesas, o maior bloqueio orçamentário da gestão Lula. Ainda assim, a equipe econômica projeta déficit primário de até 0,25% do PIB — cerca de R$ 31 bilhões — até o fim do ano.

Política fiscal fragmentada

O ex-diretor do Banco Central e colunista do CNN Money, Tony Volpon, afirma que o atual cenário fiscal é resultado de uma gestão fragmentada e reativa.

“Os gastos obrigatórios estão crescendo acima da arrecadação. O governo vai remendando, tentando cumprir regras com medidas pontuais. Essa parece ser a forma petista de conduzir a política fiscal.”

Já o economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo Lula 1, alerta para risco de crise fiscal severa.

“Se o governo não assumir um compromisso claro com o ajuste fiscal, caminhamos para uma crise semelhante à de 2015.”

Crise política agrava cenário

Além das críticas econômicas, especialistas apontam para o desgaste político do Executivo, especialmente na relação com o Congresso.

“O governo parece não ter entendido que o Congresso hoje é o protagonista das políticas públicas no país, goste ou não”, afirmou Lucas Aragão, CEO da consultoria Arko Advice.

O ex-secretário do Tesouro Nacional e atual head de macroeconomia do ASA Investments, Jeferson Bittencourt, disse que a escolha pelo IOF evidencia o isolamento político do Executivo:

“A opção pelo IOF indica que o governo já não consegue aprovar medidas relevantes no Congresso. O ideal seria encontrar uma receita permanente para substituir esse decreto.”

Voz de Brasília

Fonte: CNN Brasil

Foto: foto da web