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Tornados simultâneos no Sul surpreendem meteorologistas

Seis fenômenos se formaram quase ao mesmo tempo entre Paraná e Santa Catarina; evento é considerado inédito no país e coincide com a COP30 em Belém.

O registro de fenômenos meteorológicos extremos envolvendo ventos fortes e grande poder destrutivo tem se tornado cada vez mais frequente no mundo. Ainda assim, os tornados que atingiram o Paraná e Santa Catarina na última sexta-feira (8) chamaram a atenção por um motivo inédito: seis tornados se formaram quase simultaneamente, segundo os órgãos estaduais de meteorologia.

As formações ocorreram em Rio Bonito do Iguaçu, Turvo e Guarapuava (PR), e em Dionísio Cerqueira, Xanxerê e Faxinal dos Guedes (SC). O fenômeno raro coincidiu com a realização da COP30, em Belém, conferência global da ONU sobre mudanças climáticas.

“Não é incomum termos tornados no sul do Brasil. Mas, nestes 32 anos de existência do Simepar, este foi o mais intenso tornado já registrado no estado. E não há registros de vários eventos desta magnitude e abrangência em um mesmo dia”, afirmou o meteorologista Lizandro Jacóbsen, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

O especialista destacou ainda que a urbanização das cidades e o avanço tecnológico têm facilitado a identificação de fenômenos simultâneos: “Antes, os tornados afetavam principalmente áreas rurais e passavam despercebidos. Hoje, com o adensamento urbano e a tecnologia, se ocorrer, nós vamos saber — especialmente se houver danos registrados pela Defesa Civil”.

Força destrutiva

Em Rio Bonito do Iguaçu, cidade com cerca de 14 mil habitantes, o tornado atingiu categoria F3 na Escala Fujita, com ventos entre 300 km/h e 330 km/h. O resultado foi devastador: 90% da área urbana destruída, cinco mortes e 432 feridos. Em Guarapuava, mais uma vítima fatal foi registrada.

A Escala Fujita Aprimorada (EF) mede a intensidade dos tornados com base nos danos e na velocidade das rajadas de vento, que podem ultrapassar 330 km/h. Tornados se formam a partir de nuvens a até 20 km de altitude, criando colunas de ar ascendentes capazes de sugar e destruir tudo em sua trajetória. Apesar de durarem poucos segundos, têm poder devastador.

Causas e contexto climático

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que a instabilidade que originou os “prováveis tornados” antecedeu uma frente fria potencializada por um ciclone extratropical formado no Rio Grande do Sul. O sistema avançou em direção ao oceano, ampliando o impacto sobre o Sul do país.

Segundo o Inmet, “sendo comprovada a ocorrência de múltiplos tornados independentes, pode ser um evento ímpar”. O órgão ressaltou, porém, que apenas estudos de campo poderão confirmar o número exato de tornados e distinguir os danos de outros fenômenos semelhantes, como downbursts (ventos descendentes de alta intensidade).

Mudanças climáticas em pauta

O episódio ocorre no mesmo período em que lideranças mundiais, cientistas e ambientalistas se reúnem na COP30, em Belém (PA), para discutir ações de combate às mudanças climáticas. Especialistas apontam que o aumento da temperatura global e o aquecimento dos oceanos têm contribuído para a intensificação e frequência de fenômenos extremos no planeta.

Fonte: Agência Brasília