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Tecnologia recupera documentos antigos antes perdidos

Desde a sua criação, em 1947, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) acumulou um longo histórico de interferências políticas e militares na América Latina. Documentos desclassificados e investigações independentes revelam que, ao longo de mais de 70 anos, a agência atuou em golpes de Estado, espionagem e manipulação de governos na região.

Durante a Guerra Fria, o objetivo principal era conter o avanço do comunismo e proteger interesses norte-americanos. Um dos casos mais conhecidos ocorreu na Guatemala, em 1954, quando a CIA organizou o golpe que derrubou o presidente democraticamente eleito Jacobo Árbenz, acusado de favorecer políticas comunistas. Situação semelhante ocorreu no Chile, em 1973, com a derrubada de Salvador Allende, apoiada pela agência.

No Brasil, a CIA manteve contato com militares e civis favoráveis ao golpe de 1964, que levou à deposição de João Goulart e instaurou uma ditadura militar de 21 anos. De acordo com registros oficiais, a agência forneceu apoio logístico e financeiro a setores da oposição antes e depois da tomada de poder.

Na Nicarágua, a CIA financiou e treinou os “Contras” nos anos 1980 — grupos armados que combateram o governo sandinista. O episódio ficou conhecido como o escândalo Irã-Contras, no qual a agência foi acusada de desviar recursos de vendas ilegais de armas para sustentar a insurgência.

Cuba também foi um foco central da atuação da CIA. Desde a Revolução de 1959, que levou Fidel Castro ao poder, os EUA tentaram dezenas de operações para desestabilizar o regime, incluindo a fracassada invasão da Baía dos Porcos em 1961 e diversas tentativas de assassinato contra o líder cubano.

Além dos episódios de Guerra Fria, a CIA continuou presente de maneira indireta em temas como combate ao narcotráfico, monitoramento de governos de esquerda e vigilância de líderes políticos latino-americanos no século XXI. Em diversos países, a agência manteve acordos de cooperação de inteligência sob o pretexto de segurança e combate ao terrorismo.

Especialistas destacam que, embora a justificativa oficial das ações fosse a defesa da democracia, muitas das operações resultaram em ditaduras, violações de direitos humanos e crises sociais prolongadas. Esse legado ainda influencia a desconfiança de parte da população latino-americana em relação à política externa dos Estados Unidos.

Fontes: Documentos desclassificados da CIA, relatórios do Congresso dos EUA e investigações jornalísticas da BBC News e Reuters.