O colágeno, proteína mais abundante do corpo humano, ganhou destaque não apenas na alimentação, mas também em festas e produtos de beleza. Ele é essencial para a estrutura da pele, ossos, tendões e articulações, contribuindo também para a saúde de cabelos e unhas.
No entanto, a partir dos 20 ou 30 anos, a produção natural de colágeno começa a diminuir, em média 1% ao ano, influenciada por fatores como exposição solar, alimentação e estresse. Essa perda natural levanta a pergunta: os suplementos realmente repõem o colágeno do corpo?
O que dizem os estudos
De forma geral, não há evidências científicas sólidas de que o colágeno consumido por via oral ou aplicado na pele ofereça benefícios significativos. Segundo a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), alegações sobre elasticidade da pele e melhora nas articulações ainda não foram suficientemente comprovadas.
Estudos financiados pela indústria de bem-estar tendem a mostrar efeitos positivos, como mais hidratação e elasticidade da pele, enquanto pesquisas independentes não encontram diferença significativa.
“Ele não permanece no corpo por muito tempo; não temos uma reserva de colágeno que possamos usar facilmente”, afirma o dermatologista Faisal Ali, consultor do Mid Cheshire Hospital.
Uma meta-análise recente sugere que o colágeno hidrolisado pode trazer benefícios para a pele, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos.
Formas de consumo: oral, injetável ou tópico
Oral: Suplementos em pó ou cápsulas, geralmente derivados de peixes (marinho) ou bovino, são quebrados em peptídeos menores para facilitar a absorção. O colágeno marinho é preferido, por ter maior concentração do tipo 1, predominante na pele e ossos. O colágeno vegano não contém a proteína, mas sim aminoácidos e vitaminas que podem auxiliar indiretamente.
Injetável: Aplicações diretas na pele ou articulações podem estimular a formação de colágeno, mas são procedimentos caros e com risco de efeitos adversos.
Cremes e loções: O colágeno aplicado topicamente não penetra a derme, permanecendo na camada superficial da pele e, portanto, sem efeito significativo sobre a firmeza ou elasticidade.
Técnicas como microagulhamento ou laser podem estimular a produção natural de colágeno na pele, mas custam até US$ 400 por sessão e não substituem cuidados básicos, como protetor solar e alimentação saudável.
Riscos e preocupações
O consumo de colágeno geralmente apresenta baixo risco para a saúde, mas pode haver impactos ambientais, como o desmatamento relacionado à produção de colágeno bovino. Pessoas com problemas renais ou hepáticos devem ter cautela, e interações com medicamentos também são possíveis.
Depoimentos e experiências pessoais
Kimberlie Smith, 33 anos, começou a tomar colágeno marinho há seis meses e relata melhora na pele, cabelo e unhas. Já Ali Watson, neuroanestesista de 46 anos, utiliza colágeno bovino para si e para seu cachorro, observando benefícios estéticos, mas admite que não há certeza científica sobre os efeitos.
“Nem todas as pessoas reagirão da mesma forma”, alerta o professor Robert Erskine, da Universidade John Moores, no Reino Unido.
Conclusão
Os suplementos de colágeno podem trazer benefícios estéticos e subjetivos, mas não substituem hábitos essenciais: proteção solar, alimentação balanceada, sono adequado e redução do estresse continuam sendo as formas mais eficazes de manter a pele e articulações saudáveis.





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