Governo dos EUA assume dimensão política na sobretaxa de 50% a produtos brasileiros; medida deve entrar em vigor em agosto
O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, afirmou nesta segunda-feira (14) que a tarifação de 50% sobre todos os produtos brasileiros anunciada pelo governo Trump tem motivação política. Segundo Beattie, a medida seria uma “consequência há muito esperada” diante do que classificou como “ataques” do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano”, afirmou Beattie em seu perfil na rede X (antigo Twitter).
“Tais ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil”, completou.
A Embaixada dos EUA no Brasil compartilhou a postagem do subsecretário em português, endossando oficialmente o conteúdo da declaração.
STF e governo ainda buscam respostas
Procurado, o Supremo Tribunal Federal (STF) não se manifestou sobre as declarações. No domingo (13), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu a autonomia do Judiciário brasileiro e classificou como “inaceitável” a tentativa de interferência externa por meio da política comercial.
A Casa Civil informou que o governo federal está trabalhando por meio de um comitê interministerial liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin para buscar alternativas e tentar reverter ou ao menos adiar a imposição das taxas, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto.
Flávio Bolsonaro admite viés político da medida
Na última sexta-feira (11), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, afirmou em entrevista à GloboNews que a decisão de Trump não é apenas econômica.
“Todos nós sabemos disso, ela tem, sim, um viés político, e tem um viés econômico, porque o Trump olha para a América do Sul e enxerga para onde o Lula está levando nosso País”, disse Flávio.
Além do governo federal, aliados da direita também tentam intervir para evitar a entrada em vigor da medida. Um dos principais nomes é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que articula com representantes do setor produtivo e diplomatas dos EUA para reverter o tarifaço.
Críticas internas entre bolsonaristas
Apesar das negociações, nem todos os aliados do bolsonarismo concordam com a tentativa de barrar a medida. O blogueiro Paulo Figueiredo, aliado do ex-presidente Bolsonaro e do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disse que ações como a de Tarcísio “atrapalham”.
Segundo ele, haveria uma tentativa de negociação que incluiria a anistia de condenados pelos atos de 8 de janeiro em troca da suspensão das tarifas, e as tentativas de diálogo com o governo americano estariam “atrasando esse processo”.
Próximos passos
As novas tarifas norte-americanas deverão entrar em vigor no dia 1º de agosto. Até lá, o governo brasileiro e representantes do setor privado tentam evitar um impacto mais profundo na exportação nacional, principalmente no agronegócio e na indústria têxtil.





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