Apenas serviços essenciais seguem ativos, e a suspensão de indicadores-chave como o payroll aumenta a incerteza nos mercados financeiros.
O shutdown do governo dos Estados Unidos, iniciado em 1º de outubro, provocou um verdadeiro “apagão” de dados econômicos, deixando investidores sem acesso a informações essenciais para a tomada de decisões nos mercados. Desde então, apenas serviços considerados essenciais seguem operando, enquanto diversos órgãos suspenderam a divulgação de estatísticas fundamentais sobre a maior economia do mundo.
Um dos principais impactos foi a suspensão da publicação do payroll — relatório oficial de empregos do país e principal referência para o Federal Reserve (Fed) ajustar sua política de juros. Os dados, que seriam divulgados na sexta-feira (3), foram adiados indefinidamente. O Departamento do Trabalho (DoL), responsável pelo indicador, publicou um aviso em seu site informando que não haverá atualizações enquanto durar a paralisação do governo.
A interrupção atinge ainda outros órgãos vitais como o Escritório de Análise Econômica (BEA) e o Escritório do Censo, que também suspenderam suas atividades. Este último informou que “quaisquer perguntas enviadas pelo site não serão respondidas até que as verbas sejam aprovadas”.
Além da escassez de dados, o shutdown já provoca efeitos práticos na economia. Atrasos na aprovação de hipotecas, paralisação de empréstimos imobiliários rurais e suspensão da emissão de novas apólices do Programa Nacional de Seguro contra Inundações estão entre os problemas reportados.
“Qualquer operação que exija contato direto com órgãos do governo pode ser afetada”, explicou Justin Demola, presidente da Lenders One, uma aliança de bancos hipotecários, à CNN Internacional. Daniel Schwarcz, professor de direito da Universidade de Minnesota, alertou para os riscos do apagão de seguros em plena temporada de furacões nos EUA.
O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) estima que cerca de 750 mil funcionários públicos estejam sendo dispensados temporariamente por dia, com um impacto estimado de US$ 400 milhões diários na folha de pagamentos — já que os salários precisarão ser pagos retroativamente após o fim da paralisação.
O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que a autoridade monetária continuará tomando decisões com base nos dados disponíveis até o momento. “Estamos operando às cegas”, disse, ao comentar a ausência de indicadores atualizados.
Prejuízo bilionário
O último shutdown de grande duração ocorreu no início do governo Donald Trump, com uma paralisação de 35 dias que gerou um prejuízo de US$ 3 bilhões ao PIB norte-americano — equivalente a 0,02% da economia do país.
Agora, a Casa Branca calcula uma perda de US$ 15 bilhões por semana enquanto durar o impasse orçamentário, que continua sendo tratado como uma disputa política entre democratas e republicanos.
Apesar do cenário, Wall Street tem reagido com relativa indiferença até o momento, renovando recordes em meio à incerteza. Ainda assim, analistas alertam que a ausência de dados concretos torna os mercados mais vulneráveis a volatilidades inesperadas.
Enquanto isso, agências federais de estatísticas continuam paralisadas, e sites como o do Departamento do Trabalho seguem exibindo mensagens como: “Este site não está sendo atualizado devido à suspensão dos serviços do governo federal. A última atualização foi em 01/10/2025. As atualizações serão retomadas quando o governo retornar às operações.”





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