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Setor farmacêutico reage a Mercado Livre

O Mercado Livre deu início a um novo movimento no setor de saúde do Brasil ao adquirir uma pequena farmácia localizada na zona sul de São Paulo abrindo espaço para testar a venda online de medicamentos e reacendendo o debate sobre o futuro do varejo farmacêutico no país A operação foi interpretada por especialistas e representantes do setor como o primeiro passo de uma possível expansão da empresa em um dos segmentos mais regulados da economia brasileira

Segundo o vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil Fernando Yunes o objetivo não é transformar a companhia em uma varejista de medicamentos mas atuar como intermediadora entre farmácias e consumidores O executivo destacou que cerca de 5 por cento dos municípios brasileiros não possuem farmácias e que 12 por cento contam apenas com uma unidade O Mercado Livre presente em 99,5 por cento dos municípios brasileiros busca ampliar o acesso da população à medicação e oferecer transparência nos preços

Yunes afirmou que o comércio eletrônico pode contribuir para tornar os preços mais competitivos e acessíveis ao permitir a comparação entre diferentes redes e farmácias independentes ressaltando que todos os participantes deverão possuir licenças da Anvisa e passar por um rigoroso processo de aprovação O modelo defendido pela empresa é o de marketplace conhecido como 3P em que as próprias farmácias comercializam diretamente na plataforma sem que o Mercado Livre atue como varejista direto

A Abrafarma associação que representa as grandes redes de farmácias do país reagiu à iniciativa e encaminhou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica um dossiê questionando a operação A entidade argumenta que a compra da farmácia de nome fantasia Cuidamos Farma poderia permitir ao marketplace ingressar de forma indireta no varejo farmacêutico utilizando o CNPJ da empresa como licença sanitária O presidente da associação Sérgio Mena Barreto afirmou que a principal preocupação é a segurança do consumidor e alertou para o risco de integração entre o varejo farmacêutico e o varejo multiprodutos por meio de plataformas digitais

A Abrafarma também demonstrou preocupação quanto à possível aproximação entre o Mercado Livre e a Memed empresa especializada em prescrições médicas digitais que vendeu a farmácia à plataforma O receio é que essa parceria resulte em uma cadeia digital de prescrição e venda de medicamentos o que exigiria uma regulação mais detalhada por parte da Anvisa e do Cade Em resposta o Mercado Livre negou qualquer acordo com a Memed e declarou que não realiza a venda de medicamentos atualmente nem permite anúncios desses produtos em sua plataforma

O projeto prevê ainda o uso de inteligência artificial para validação de receitas médicas seguindo modelo já aplicado pela empresa em países como México e Chile A verificação será feita em duas etapas uma pelo sistema automatizado do Mercado Livre e outra pela farmácia parceira A empresa afirma ter mais de 600 desenvolvedores dedicados a soluções de inteligência artificial voltadas para segurança e conformidade sanitária

Fernando Yunes destacou que o Brasil está atrasado na regulamentação do comércio eletrônico de medicamentos em comparação com outros países da América Latina e do mundo Em nações como China Estados Unidos México Chile Argentina e Colômbia já é permitido o comércio digital de medicamentos e o objetivo do Mercado Livre é contribuir para que o Brasil avance nessa direção

O movimento da empresa representa um novo passo em sua estratégia de expansão que teve início há mais de duas décadas O executivo afirmou que assim como o Mercado Pago se consolidou como um dos principais serviços financeiros digitais da América Latina o setor de saúde é visto como um complemento natural ao ecossistema da companhia

A entrada de um grande player digital no setor farmacêutico pode redefinir a cadeia de distribuição e precificação de medicamentos principalmente em municípios de pequeno porte onde o acesso à saúde é mais limitado Especialistas avaliam que o desafio mais imediato é o regulatório cabendo à Anvisa e ao Cade definir fronteiras claras entre o marketplace e o varejo direto Outro ponto de atenção é o equilíbrio concorrencial já que a presença de uma plataforma de alcance nacional pode impactar a competitividade das farmácias de pequeno e médio porte

Enquanto o Mercado Livre defende a democratização do acesso e a transparência nos preços representantes do setor pedem cautela e reforçam a importância de garantir segurança sanitária e proteção de dados de saúde dos consumidores O debate deve seguir como um dos principais temas no campo da regulação digital e do comércio eletrônico de medicamentos no Brasil