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Policiais civis são afastados após ação violenta na Asa Norte

Policiais civis são afastados após ação violenta na Asa Norte

Dois policiais civis do Distrito Federal foram afastados de suas funções e realocados para atividades administrativas após protagonizarem uma abordagem considerada violenta contra o publicitário Diego Torres Machado de Campos, de 42 anos, na Asa Norte. O caso ocorreu na última quarta-feira (9) e gerou forte repercussão após vídeos do momento circularem nas redes sociais.

A abordagem aconteceu depois de um suposto acidente de trânsito envolvendo uma viatura descaracterizada da Polícia Civil. Segundo a corporação, o motorista teria colidido com o veículo oficial, desobedecido ordens de parada e fugido. Ele foi interceptado na altura da 112 Norte, onde foi imobilizado e algemado com uso da força, sob os olhos do filho, de apenas 5 anos, que permaneceu sozinho no veículo até ser acolhido por uma transeunte.

A Corregedoria-Geral da Polícia Civil do DF instaurou inquérito e procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dos agentes Gustavo Gonçalves Suppa e Victor Baracho Alves, lotados na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). O Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do DF (Ncap/MPDFT) também abriu investigação paralela para avaliar possíveis abusos.

Testemunhas afirmam que o motorista não apresentava resistência e que a criança foi deixada sem qualquer acompanhamento. Comerciantes que presenciaram a cena descreveram a ação como agressiva e desproporcional.

A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) repudiou o ocorrido. A Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente destacou o potencial dano psicológico sofrido pela criança e cobrou responsabilização penal e administrativa dos envolvidos. O presidente da OAB-DF, Paulo Maurício Siqueira, classificou a ação como criminosa, citando possíveis crimes de abuso de autoridade, lesão corporal e abandono de incapaz.

O secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, lamentou o episódio e classificou a abordagem como uma “situação atípica”. Segundo ele, todas as imagens disponíveis serão analisadas com transparência, e o caso será tratado com o rigor necessário.

Entidades como a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF e a Associação dos Conselheiros Tutelares também se manifestaram, pedindo o afastamento imediato dos policiais e ressaltando a prioridade absoluta dos direitos da criança, conforme prevê a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O advogado especialista em Direito da Família, Antonio Carlos Marques Fernandes, defendeu que os agentes devem ser responsabilizados judicialmente, inclusive com possibilidade de processo por tortura, devido ao sofrimento causado à criança. Ele também aponta que o Estado pode ser responsabilizado por danos morais e psicológicos.

O caso segue sob investigação e mobiliza diferentes instituições públicas e da sociedade civil em busca de apuração rigorosa e medidas corretivas.

Fonte: Correiobraziliense