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PGR pede ao STF condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado

Procurador-geral Paulo Gonet acusa ex-presidente de liderar articulação contra a democracia e pede punição por cinco crimes

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Em suas alegações finais, Gonet afirma que Bolsonaro liderou um plano sistemático para desestabilizar o regime democrático no país.

A manifestação da PGR, com mais de 500 páginas, reforça a denúncia apresentada em fevereiro e descreve Bolsonaro como o principal articulador de uma organização criminosa que visava impedir a alternância legítima de poder após a derrota nas eleições de 2022.

“As ações de Jair Messias Bolsonaro não se limitaram a uma postura passiva de resistência à derrota, mas configuraram uma articulação consciente para gerar um ambiente propício à violência e ao golpe”, afirmou Gonet.

Bolsonaro é acusado de cinco crimes

A PGR pede que Bolsonaro seja condenado por:

  • Tentativa de golpe de Estado

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Organização criminosa armada

  • Dano qualificado

  • Deterioração de patrimônio tombado

De acordo com Gonet, o grupo liderado por Bolsonaro atuou com apoio de setores das Forças Armadas, órgãos de inteligência e membros do governo federal. A intenção era minar os poderes constitucionais, especialmente o Judiciário, e impedir a posse do presidente eleito.

A acusação menciona ainda que os atos do dia 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes, foram “desejados e incentivados” pelo grupo quando perceberam que não teriam sucesso em outras tentativas golpistas.

Provas documentadas

A PGR destaca que a maior parte das ações descritas na denúncia foi documentada pela própria organização criminosa, por meio de mensagens, gravações, manuscritos e arquivos digitais. “Não há como negar fatos praticados publicamente, planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados”, escreveu Gonet.

A manifestação ressalta ainda a importância dos depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas, como Freire Gomes (Exército) e Baptista Júnior (Aeronáutica), que confirmaram ter recebido propostas de medidas de exceção — como decretos para anular as eleições e prender ministros do Supremo — e que sofreram pressão para aderir ao plano.

Réus e próximos passos

Além de Bolsonaro, também são réus na ação:

  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens)

  • Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin)

  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)

  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)

  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)

  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)

  • Walter Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente)

Todos são acusados de compor o “núcleo crucial” da organização criminosa. Outros 25 investigados fazem parte de núcleos secundários e respondem a processos paralelos.

Com a entrega das alegações finais, abre-se prazo para que os réus apresentem suas próprias defesas. O julgamento será conduzido pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. A previsão é que o caso vá a julgamento até setembro.


Fonte: O Globo