A Polícia Federal prendeu, na segunda-feira (17), Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no aeroporto de Guarulhos. Ele estava tentando fugir do país em um avião particular com destino a Malta.
Ele foi alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. A instituição emitia CDBs com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, isso não acontecia.
Após ser preso, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. A defesa dele não foi localizada pela reportagem.
A prisão aconteceu horas após o consórcio liderado pelo grupo de investimentos Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master.
Na manhã desta terça, o Banco Central emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição.
O negócio com o grupo Fictor teria a participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master, que enfrenta dificuldades financeiras. A compra ainda precisaria da aprovação do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Com a decretação da liquidação extrajudicial, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.
Operação da PF
A PF tinha uma operação prevista para esta terça-feira, mas a prisão de Vorcaro foi antecipada diante da possibilidade de fuga.
Segundo investigadores, Vorcaro estava no banco na tarde de segunda-feira. Depois que saiu o comunicado da venda, ele pegou um helicóptero e foi para o aeroporto de Guarulhos.
Ele seguiu diretamente do terminal da aviação executiva para embarcar em um avião particular com destino a Malta. Para a PF, não há dúvidas de que ele estava em fuga — não porque soubesse da operação prevista para terça, mas porque queria deixar o país após a notícia da venda do Master se tornar pública.
No total, a Operação Compliance Zero cumpriu sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
O objetivo é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional.
As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para apurar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira.
Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
São investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.
BRB já tentou comprar
Antes da proposta da Fictor, o Banco de Brasília (BRB) já havia protagonizado uma tentativa frustrada de adquirir a instituição financeira de Daniel Vorcaro.
O BRB e o Master anunciaram a operação em março, mas o negócio foi barrado cinco meses depois pela diretoria colegiada do Banco Central — instância máxima do BC, composta pelo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e mais oito diretores.
Segundo a decisão divulgada em setembro, os dirigentes do BC negaram a operação por entenderem que o pedido não contemplava todos os requisitos necessários, indicando falta de documentos que comprovassem a viabilidade econômico-financeira.
A aprovação pelo BC seria o último passo para a conclusão do negócio, já que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia autorizado a operação em junho.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal também havia aprovado uma lei autorizando a compra — proposta e sancionada em tempo recorde pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, defensor da transação.
Anunciado em março, o acordo entre os bancos previa que o BRB adquirisse:
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49% das ações ordinárias,
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100% das preferenciais e
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58% do capital total do Master.





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