Rede utilizava maquininhas de cartão ligadas a fintechs para inserir dinheiro ilícito na economia e transformá-lo em bens de luxo e empresas de fachada
Um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foi alvo da Operação Spare, deflagrada pela Receita Federal em parceria com o Ministério Público e forças de segurança. Segundo as investigações, entre 2020 e 2024, o grupo movimentou cerca de R$ 5 bilhões por meio de uma rede de empresas que incluía motéis, postos de combustível, lojas de conveniência e franquias, muitas delas com receitas declaradas muito inferiores ao valor efetivamente transacionado.
De acordo com os investigadores, a primeira etapa da operação consistia na utilização de maquininhas de cartão operadas por fintechs ligadas ao PCC. O recurso inserido no sistema financeiro era, então, convertido em patrimônio e reinvestido em setores estratégicos para o grupo.
Entre os bens adquiridos com recursos ilícitos estão iates, helicópteros, imóveis e até uma Lamborghini. A construção civil também foi utilizada como instrumento de movimentação financeira e expansão patrimonial.
A Receita Federal identificou que apenas uma pequena parcela das transações resultava na emissão de notas fiscais e recolhimento de tributos, o que dificultava o rastreamento. Além disso, retificações em declarações de Imposto de Renda de familiares de um dos principais alvos mostraram tentativas de ocultar rendimentos por meio de ajustes patrimoniais.
A Operação Spare cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em várias cidades de São Paulo. Para os investigadores, os bens apreendidos até agora representam apenas 10% do patrimônio real ligado ao esquema.
As autoridades destacam que o caso levanta novas preocupações sobre o uso de fintechs na lavagem de dinheiro, além de reforçar a necessidade de integração de dados históricos em áreas como a fiscalização de combustíveis adulterados e crimes financeiros.
Add Comment