O número de idosos que voltaram ao mercado de trabalho no Distrito Federal aumentou nos últimos dois anos. Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego do DF (PED-DF), elaborada pelo Dieese em parceria com o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), 6,2% das pessoas com 60 anos ou mais continuam economicamente ativas — na edição anterior, o índice era de 5,8%.
Apesar desse crescimento, 80% dos idosos permanecem fora do mercado, a maioria por já estar aposentada — 69,9% dos inativos. A diretora de Estatística e Pesquisas Socioeconômicas do IPEDF, Francisca Lucena, destacou que a renda desse grupo é essencial para muitas famílias: “Mais de 70% das pessoas idosas que estão no mercado são responsáveis pelos domicílios, o que mostra a importância do rendimento desse grupo para a economia familiar.”
A professora de Empreendedorismo e Inovação do Ibmec, Hannah Salmen, explicou que a principal motivação para o retorno é financeira. “O valor insuficiente das aposentadorias obriga muitos a buscarem complementação de renda. Contudo, o desejo de se manter ativo e produtivo também é um fator relevante, por contribuir para um envelhecimento saudável e maior satisfação com a vida”, afirmou.
Entre os que continuam na ativa está Rubens Tavares, 76 anos, artesão na Feira da Torre há três décadas. Aposentado, ele afirma que o trabalho é necessário e prazeroso: “O valor da aposentadoria é pouco, então tem que continuar trabalhando para sustentar a família. Gosto do que faço e não me vejo parado.”
Por outro lado, há quem tenha optado pelo descanso. Liane Ferreira, também com 76 anos, é servidora pública aposentada e faz parte dos 80% que não voltaram ao trabalho. “Chegou um momento em que o trabalho não fazia mais sentido. Hoje me dedico à minha saúde, à família e às coisas que amo, como o crochê e o tricô”, contou.
Liane enfrenta um tratamento contra o câncer, mas afirma estar satisfeita com a rotina atual: “É muito bom poder descansar e aproveitar o tempo livre. Enquanto não posso retomar tudo, aproveito para cuidar de mim e curtir minha família.”
O aumento da participação dos idosos no mercado reflete mudanças demográficas e econômicas, e os especialistas apontam a necessidade de políticas públicas voltadas à inclusão e valorização dessa faixa etária.





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