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Morre José Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

Faleceu nesta segunda-feira (13), aos 89 anos, José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e uma das figuras mais emblemáticas da política latino-americana contemporânea. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que prestou homenagem ao líder em uma declaração pública.

“É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e líder. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, escreveu Orsi.

Mujica revelou em abril de 2024 que enfrentava um tumor estomacal, com o órgão já “muito comprometido”. O quadro clínico era agravado por uma doença imunológica crônica que afetava seus rins há mais de duas décadas.

Da guerrilha à Presidência

Nascido em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, José Mujica ingressou na vida política ainda jovem, como membro do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, uma guerrilha urbana de esquerda que se destacou nos anos 1960 por ações que incluíam assaltos a bancos para distribuição de alimentos e dinheiro à população pobre. Durante sua militância, foi baleado quatro vezes, preso, torturado e passou 14 anos na prisão, muitos deles em regime de isolamento.

Com a redemocratização do Uruguai, em 1985, foi libertado por meio de uma anistia política e iniciou sua trajetória na política institucional. Foi deputado, senador, ministro da Agricultura e, em 2010, chegou à Presidência da República, onde governou até 2015.

Durante sua gestão, promoveu avanços sociais expressivos: aumentou o salário mínimo em 250%, ampliou o gasto social para 75,5% do orçamento público e liderou a legalização da maconha no país, em 2012 — tornando o Uruguai o primeiro do mundo a regular o mercado da droga.

Um líder de vida simples

Mujica conquistou admiração internacional por seu estilo de vida austero e coerente com seus valores. Morava em um sítio nos arredores da capital, dirigia seu próprio Fusca 1987 até o Palácio Presidencial e doava cerca de 90% de seu salário para causas sociais.

Ao lado da esposa, a senadora Lucía Topolansky, seguiu ativo na política até 2020, quando renunciou ao cargo de senador por motivos de saúde, em meio à pandemia de Covid-19. Nos últimos anos, dedicou-se à vida no campo, cuidando da horta e mantendo contato com movimentos populares.

Ateu declarado, Mujica expressava uma visão de mundo pautada pela contemplação da natureza e pela valorização do coletivo. Em entrevista de 2012, afirmou: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza.”

Sua morte encerra uma trajetória marcada por coerência, resistência, humildade e compromisso com os mais pobres — valores que o tornaram um símbolo mundial da política feita com ética e simplicidade.

Voz de Brasília

Fonte: Blog do Riella
Foto: foto da web